
Literatura e memória: Em podcast, Saulo Barreto faz um mergulho na arte de escrever e na pesquisa histórica
Durante entrevista em podcat do canal Hipertexto, o poeta e filósofo Rogério Rocha promoveu um bate-papo enriquecedor com o escritor e pesqu...
Escritora Juliana Monteiro lança romance “Nada lá fora e aqui dentro”, sobre pandemia e luto
Novo livro da autora Alexandra Vieira de Almeida traz reflexões sobre isolamento e esperança
O sétimo livro da autora traz 33 poemas, que transitam do místico ao erótico, ao quadro de interrogações existenciais com o embate entre ser e mundo. Segundo a autora, a obra é elaborada a partir de um imaginário cheio de questões sobre a própria existência, trazendo uma potência vibrante sobre o ser e a vida, enaltecendo o trabalho com a palavra em sua literariedade, não buscando a facilidade de uma linguagem que leve à obviedade e ao simplismo.
O prefácio é assinado pelo poeta, contista, crítico, jornalista, compositor e letrista Tanussi Cardoso, que faz um itinerário da figura desse pássaro solitário ao longo da mística, já que era uma expressão recorrente, tanto no poeta indiano Kabir, que escreveu um poema com o mesmo título da obra de Alexandra, como no religioso espanhol San Juan de la Cruz. Para Tanussi, a escritora “busca constantemente o outro ou alguém para compartilhar a vida e fugir do isolamento, embora exista sempre um elo perdido, na possibilidade do encontro consigo mesmo”.
O posfácio é escrito por Claudia Manzolillo, escritora e mestra em Literatura Brasileira, pela UFRJ, e revisora do livro. Ela ressalta a habilidade de Alexandra em abordar o processo simbólico nas páginas de sua nova obra. Para Manzolillo, “a linguagem, matéria-prima, inesgotável fonte de trabalho da autora, se alinha ao universo imagético que percorre o livro, a partir de seu título”.
“Roda-Gigante” e o símbolo da serpente que morde a própria cauda
Ousada e inovadora, a poesia de Ferrári leva o leitor a uma jornada pelos ciclos inconstantes da vida, fazendo-o refletir, principalmente, sobre o atual momento. O universo é cíclico. “Assim também somos nós”, declara o poeta. “O livro traz muito disso: os ciclos que vivenciamos, as tantas linhas de partida e de chegada”, continua Ferrári, “onde um encerramento traz sempre algum início”.
Para o autor, os poemas dessa coletânea buscam trazer “uma normalização das pequenas mortes de nossas vidas”. E acrescenta: “Assim como a desmistificação de que há apenas um ciclo: em que se nasce, cresce, reproduz e morre; como nos ensinaram quando crianças”.
O livro prega também “o incrível e estrondoso superpoder de se iniciar um ciclo a qualquer momento”. Sempre iniciamos um novo ciclo quando começamos um novo aprendizado. “A vida é uma natureza plural”, sentencia. “Uma força em constante mutação”.
Sobre a escrita de Ferrári, Waldemar José Solha diz no prefácio: “Todo criador busca uma nova forma de criar, ou não se sentiria bem ao ser saudado com esse nome”. E para falar de criação, Solha recorre à simbologia do oroboro, um conceito simbolizado por uma serpente que abocanha a própria cauda. “Evolução voltada para si mesma”, continua ele. “Tendo isso em mente, criar fica muito mais difícil. Mas Rique Ferrári cria.”
Ronaldo Cagiano, que assina o posfácio do livro, comenta: “Rique Ferrári utiliza seus artefatos para alcançar aquilo que de mais dinâmico e comunicador pode e deve deflagar numa obra literária, imbuída em seu compromisso estético e em sua dimensão ética. ‘Roda-Gigante’ reafirma um autor em pleno domínio de sua arte”.
O poeta também declara que seu livro “não tenta e nem quer impressionar. Quer apenas ser o que é, trazendo seu próprio leque de percepções, despreocupado de que seja bom ou ruim”. Ferrári acredita que ser real na arte é maior que ser bom, levando em conta apenas argumentos e visões literárias. “Penso que na literatura, como em qualquer âmbito, é especial encontrar algo genuíno. E de fato me esforcei para isso. Às vezes é necessário um esforço muito maior para ser quem se é; e isto vale para o poeta e para o poema”, finaliza.
No atual cenário da poesia brasileira, a escrita cíclica de Rique Ferrári em Roda-gigante é um sopro de ar puro. A obra possui 90 páginas e está por cerca de R$ 40,00 pelo site da editora (https://www.editorapenalux.com.br/loja/roda-gigante).
Poeta maranhense Mateus Borges lança dois novos livros em meio às dificuldades causadas pela pandemia
“Rabiscos” é uma obra composta por antigos textos poéticos da época em que o autor ainda era adolescente. Revirando algumas coisas antigas, Mateus encontrou textos escritos quando passava pela fase de descobertas, de amores e desamores, de paixões e ilusões. Foi então que indagou a si mesmo: “por que não publicá-los, se foi meu próprio ‘eu-lírico’ quem me levou a escrevê-los?” Achou os poemas interessantes e viu que não poderia deixá-los de fora da sua coletânea, já que foram textos que fizeram parte, de certa forma, da sua trajetória. Estes “rabiscos” foram escritos por inspiração, ou por aquilo que o poeta passava, via, ou em paixões que outras pessoas viviam, e pediam para que ele escrevesse.
Enquanto que o livro “Versos Adormecidos” traz poemas românticos, numa linguagem jovem e de fácil entendimento, tentando aproximar os leitores à poesia, de forma que, ao ler, sejam envolvidos pelo romantismo contido em cada texto. Nos textos o autor acorda sentimentos através de poesias e coloca-os no papel para que possam ser sentidos. Uma forma de expressar, em versos, aquilo que se sente mas não se fala. Escrevendo poemas e deixando que o vento os levem e os façam voar até outros corações adormecidos e assim possam acordá-los e tenham o prazer da poesia e o bem que é quando se expressa o que sente.
Foi na escola que Mateus começou a dar os seus primeiros passos na estrada literária, rumo à carreira de escritor. Sempre incentivado pelos seus colegas e professores, quais foram de fundamental importância para que ele pudesse dar continuidade a essa trajetória. “Em todos os intervalos, o lugar que eu mais gostava de ir era à biblioteca e lá era envolvido por esse mundo da leitura, e me encantava com tudo ali, e sonhava em poder ser também um escritor reconhecido”, revela o poeta. “Na sala de aula eu, ainda bem novo, abria os cadernos dos meus colegas e assinava meu nome imaginando poder autografar meus futuros livros”, continua.
O poeta sempre gostou de ler e com isso criou o hábito da escrita. Começou a dar os seus primeiros passos literários no ano de 2008, aos 11 anos, quando participou do nacional “Olimpíada de Língua Portuguesa”, onde, através da poesia “Cururupu, terra bonita” foi representar o estado do Maranhão na semifinal ocorrida em Fortaleza (CE). Lá foi classificado e seguiu para a a fase final em Brasília (DF), onde conquistou a medalha de prata, trazendo o título de segundo lugar para a sua cidade e estado. “A partir daí fui incentivado a publicar meus poemas. Foi então que surgiu a ideia de criar livros de poesias para divulgar meu trabalho”, cita.
“No Vale dos Lírios”, novo romance de lançamento da Letramento escrito em 1968, é publicado pela primeira vez
O romance traz a tona o amor platônico oculto entre a jovem Aurélia e o médico Dr. Lelhís, por vários anos até que as suas lutas internas vão sendo dissipadas na bucólica região do Vale dos Lírios. Uma história de amor muito bem entrelaçada que adiciona uma lição de empatia entre os protagonistas de raça e posição social distintas.
“Em uma viagem pelas páginas desse formidável romance a autora consegue de forma singular nos envolver em uma trama enigmática e repleta de emoções nos levando a acompanhar a vida dos personagens como se estivéssemos No Vale dos Lírios”, escreve Kátia Sueli Gonçalves.
Maria do Carmo Fidelix começou a trabalhar como empregada doméstica aos 13 anos e já notava a ausência de personagens negras como protagonistas em romances como aqueles que ela lia. Em 1966, aos 27 anos, carregando pedaços de papel e caneta no bolso do avental de trabalho, começou a escrever o livro “No Vale dos Lírios”, concluindo-o em 1968. Hoje aos 80 anos, o publica pela primeira vez. Os exemplares da obra estão em pré-venda por cerca de R$ 64,90 pelo link www.editoraletramento.com.br/.