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Literatura e memória: Em podcast, Saulo Barreto faz um mergulho na arte de escrever e na pesquisa histórica

Durante entrevista em podcat do canal Hipertexto, o poeta e filósofo Rogério Rocha promoveu um bate-papo enriquecedor com o escritor e pesqu...

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Em novo romance, William Soares dos Santos, nos relembra tristes histórias vívidas nos anos da Ditadura Militar

Em seu mais novo livro, “Memórias de um triste futuro”, o escritor carioca William Soares dos Santos se afasta do lirismo, que caracterizou seus trabalhos anteriores, e nos leva para uma viagem difícil, mas sempre necessária aos anos da ditadura civil-militar, mas que deixou marcas que permanecem até hoje na sociedade brasileira. O livro procura, dentre outros elementos, mostrar que ainda sofremos e que ainda carregamos as marcas das múltiplas violências perpetradas nesse período. A obra é um romance publicado pela Editora Patuá e foi lançada no último dia 15 de fevereiro na Patuscada – Livraria, Bar e Café, em São Paulo (SP).

Embora seja um romance, o livro é formado por várias histórias (e vidas) que se cruzam a fim de dar uma pequena dimensão do terror do período, mas, ao mesmo tempo, mostra que o nazifascismo, a violência da ditadura, a vontade de interdição sobre a vida do outro continuam presentes na sociedade brasileira. Através de um texto que se constitui por meio do alinhavar de diferentes histórias de personagens sem nome, somos apresentados a situações de violência e desumanização perpetradas sob os auspícios do Estado, seja no contexto institucional, seja no ambiente aparentemente restrito da família. Durante toda a narrativa, a violência é um ato sempre presente. Ela pode até ser elemento central nos porões da ditadura, mas se esparrama, também, no lar do dito cidadão de bem.

Para esta obra, William fez uma pesquisa que o levou a muitas histórias do período da ditadura. Histórias de violência e de dor que, pela sua formação humanista, tem certeza de que precisam ser relembradas para que as barbaridades cometidas naquele período não se repitam mais em nossa história. “Foi, antes de tudo, a minha inquietação como ser humano e a minha obrigação de educador e escritor que me levou a um mergulho literário tão difícil ao ponto de eu chorar em muitos momentos em que estava escrevendo. Chorar pela dor do outro que sentia em mim mesmo, pelo momento de terrível incompreensão em que vivemos e pela barbárie que insiste em dominar a humanidade não obstante a sua longa jornada civilizatória. Preferi focar em histórias e não em personagens, por isso (como já havia feito em meu livro de contos Um Amor) evitei qualquer menção a nomes”, ressalta ele.

“Sempre que lançamos um novo trabalho, muitos escritores tendem, amparados por todas as justificativas, a considerarem este seu último trabalho como o mais importante. Eu também estou nesta fase. Acho que Memórias de um triste futuro é o meu trabalho mais importante até agora, porque ele é fruto de muita reflexão e pesquisa sobre alguns movimentos que o Brasil e o mundo já viveram e estão revivendo atualmente”, revela o autor. “Falo, particularmente, do recrudescimento de ideologias nazifascistas e da existência de pessoas que, por desconhecerem a história, ou por falta de ética, desejarem a volta de governos que se ancorem em ideologias nazifascistas como o da Ditadura Civil-militar que governou o Brasil entre os anos de 1864 e 1985”, continua.

William Soares dos Santos é um escritor e professor carioca (UFRJ) nascido em 1972. Dentre os seus trabalhos literários se destacam os livros de poesias “Rarefeito” (Ibis Libris, 2015), “Poemas da meia-noite (e do meio-dia)” (Editora Moinhos, 2017), “Raro - poemas de Eros” (Editora Urutau, 2018), “Três Sóis” (Editora Patuá, 2019) e o livro de contos “Um Amor” (Ibis Libris, 2016). Traduziu o romance “A Cidade do vento” da escritora italiana ganhadora do Prêmio Nobel, Grazia Deledda (publicado em 2019 pela Editora Moinhos). William foi ganhador do Prêmio PEN Clube do Brasil de 2018 e finalista do 3º Prêmio Rio de Literatura 2018 com o livro “Poemas da meia-noite (e do meio-dia)”. O livro “Memórias de um triste futuro”, torna-se o seu último trabalho publicado. O livro está à venda por R$ 40,00 pelo site da editora (www.editorapatua.com.br/produto/114227/memorias-de-um-triste-futuro-de-william-soares-dos-santos).

Migração de judias ortodoxas ao Brasil é ponto de partida de “Cadafalso”, romance inédito de Roberto Elisabetsky

No dia 24 de outubro, quinta-feira, às 18h30, o escritor Roberto Elisabetsky lança o romance "Cadafalso" (Editora Terceiro Nome) na Livraria da Vila. Ambientado nos anos 1930, o livro acompanha o percurso de duas judias ortodoxas, Malka e Eva, que partem para o Brasil em busca de uma nova vida e se deparam com um período turbulento de repressão policial e perseguição política praticados pelo governo de Getúlio Vargas. A estrutura do romance mescla figuras e eventos reais da história a personagens ficcionais.

Roteirista e autor do livro de contos “A última Coisa” (2015, Editora Terceiro Nome), Elisabetsky começou a escrever o romance em novembro de 2018, determinado a ambientar o enredo em um momento histórico de mudanças políticas ostensivas por todo o mundo. “As personagens centrais são mulheres que são vítimas de diversas forças de opressão, dentro e fora da comunidade a que pertencem. Malka, por exemplo, é ostracizada por não conseguir provar que seu marido havia morrido na Guerra”, conta o autor. O tempo histórico retratado pelo autor passa por períodos como a revolução que levou Getúlio Vargas ao poder pelas armas, a Revolução Constitucionalista e a tentativa do levante comunista no Brasil, planejada pela União Soviética. Nesse entremeio, figuras públicas como Olga Benário, Luis Carlos Prestes e até o jazzista Louis Armstrong passam pela obra.

“Sempre tive fascínio por obras que misturam acontecimentos reais e figuras conhecidas com a ficção”, justifica. No processo de pesquisa para a elaboração da obra, o autor recorreu a livros de história, artigos e conteúdos disponíveis na internet e entrevistas presenciais com pessoas que viveram o período retratado. “Mas é muito importante ressaltar que mesmo os fatos históricos não têm a intenção de serem fidedignos, há bastante liberdade criativa na elaboração do texto”, conta, destacando um trecho da orelha do livro, assinada pelo escritor Santana Filho: “Elisabetsky aproxima personagens das mais diversas procedências, ciente de que as histórias não precisam ser factuais, sequer verossímeis; exigem ser apenas reais”.

Como exemplos de autores que trabalham com o recurso da mistura da realidade com a ficção, Roberto destaca o cubano Leonardo Padura, o norte-americano Jonathan Franzen e o inglês Ian McEwan. “O Padura une muitas histórias verídicas à personagens fictícios; Franzen e McEwan trabalham com temas palpitantes no presente, como a questão ambiental, o levante das fake news e a bioética – o romance Enclausurado (McEwan), por exemplo, é narrado do ponto de vista de um feto”, ressalta o autor. “Mesclar esses elementos é interessante para excitar a imaginação do leitor e estimular seu conhecimento e olhar crítico – esse é um dos presentes que a literatura nos dá”, finaliza.

O pano de fundo de Cadafalso é a Polônia dos anos 1930, país que se reconstrói após a guerra, de onde Malka e Eva, judias ortodoxas, partem para recomeçar suas vidas no Brasil. Aqui, elas chegam em meio à violenta repressão oficial a cargo de Filinto Müller, chefe da polícia política de Getúlio Vargas, que persegue de forma implacável seus opositores, em especial – com uma obsessão incomum, como se verá nesta história - os comunistas Luís Carlos Prestes e sua companheira Olga Benario.

Malka e Eva desembarcam no Rio de Janeiro como prisioneiras da Zwi Migdal, organização criminosa ligada à comunidade judaica do Leste Europeu que explorava uma rede internacional de prostituição. A vida de ambas se torna uma sucessão de histórias impregnadas de preconceito, violência, perseguição, medo e corrupção, que desemboca no título deste romance: Cadafalso.

Foto: Isa Berenice Elisabetsky
Roberto Elisabetsky nasceu em São Paulo, em 1953. Deixou para trás a carreira de engenheiro para estudar cinema na Inglaterra. Trabalhou com produção cinematográfica em Nova York, onde concluiu o mestrado em Artes da Comunicação no NY Institute of Technology. Foi professor do curso de Rádio e TV da ECA-USP. É dramaturgo, roteirista, tradutor e versionista para cinema, TV e teatro musical. Como escritor, publicou o romance Take 2 pela Editora Paulicéia e, pela Terceiro Nome, a coletânea de contos A última coisa e o romance Cadafalso. Integra o Clube das Três, grupo dedicado à análise e produção literária e à promoção de encontros com autores, editores e críticos de literatura.

Segredos da ditadura militar são revelados em novo livro do historiador Paulo Cesar Gomes

Lançado recentemente em São Paulo, a obra “Liberdade Vigiada - As Relações Entre A Ditadura Militar Brasileira e O Governo Francês: Do Golpe À Anistia” é o mais novo livro do escritor e historiador Paulo Cesar Gomes. O livro foi produzido com base em documentos sigilosos consultados tanto no Brasil, quanto na França, e nele são analisados conteúdos de uma série de papéis sigilosos, nacionais e estrangeiros, conhecidos como os “documentos secretos da ditadura”, revelando fatos até então desconhecidos sobre o regime ditatorial. A edição é da Editora Record com 560 páginas e encontra-se disponível nas principais livrarias físicas e online do país. O autor estará, em novo evento sobre o livro, na Livraria Taverna em Porto Alegre (RS), no próximo dia 17 de agosto.

A França sempre teve sua imagem externa tradicionalmente vinculada à de uma terra de asilo, tendo sido o país em que os exilados brasileiros se concentraram em maior número a partir de 1973. Ao mesmo tempo, as autoridades francesas […] buscaram não se pronunciar sobre a conjuntura política brasileira, com o intuito de manter a regularidade de suas relações com nosso país. Da mesma forma, durante muito tempo, prevaleceu a versão segundo a qual a diplomacia brasileira não se envolveu nas arbitrariedades perpetradas pela ditadura militar [...]. Todavia, em 2011, com a Lei de Acesso à Informação, o acervo documental do período finalmente pôde ser consultado [...]. O historiador Paulo César Gomes aceitou o desafio e mergulhou no mundo até então secreto do Itamaraty e dos diversos órgãos ligados ao Serviço Nacional de Informações (SNI). Em “Liberdade Vigiada”, ele apresenta o resultado de sua pesquisa, que se materializa nesta obra sólida, baseada em evidências e articulada em termos analíticos e teóricos, escrita com grande elegância narrativa.

Logo depois da publicação do seu primeiro livro, Paulo Cesar Gomes sentiu a necessidade de pesquisar outras temáticas, embora dentro do período da ditadura militar brasileira. Quando os arquivos ligados aos órgãos de segurança e informações do Ministério das Relações Exteriores começaram a ser liberados para a consulta pública, ele foi consultá-los. O que o deixou bastante surpreso com a riqueza do acervo. “Minha ideia inicial era analisar a maneira como o governo brasileiro monitorou os exilados brasileiros que foram para a França naquele período, já que Paris foi a capital europeia que acolheu o maior número de brasileiros que buscavam escapar de perseguições políticas que vinham sofrendo no Brasil. No entanto, ao me aprofundar na análise dos documentos, decidi fazer um trabalho mais amplo de história das Relações Internacionais no período, embora não tenha deixado de lado a questão dos exilados”, revela.

A intenção central do livro é buscar compreender de que maneira a existência de um regime ditatorial no Brasil afetou as relações franco-brasileiras. “Lembrando que a França construiu para si a imagem de berço da democracia e, também, de uma terra de acolhimento de refugiados políticos. Minha descoberta mais significativa foi observar que a França, embora tenha recebido muitos brasileiros, nunca pronunciou publicamente qualquer crítica às violações aos direitos humanos que vinham sendo praticados no Brasil. A mesma afirmação não pode ser feita acerca da imprensa francesa, que denunciou constante a ditadura brasileira”, frisa o autor.

Paulo Cesar Gomes mora no Rio de Janeiro. É historiador e sua formação acadêmica (graduação, mestrado e doutorado) ocorreu inteiramente na UFRJ, embora tenha nascido em Brasília (DF). Atuou como pesquisador da Comissão Nacional da Verdade e, em seguida, criou um site de divulgação do conhecimento histórico chamado História da Ditadura (www.historiadaditadura.com.br). Logo após a defesa de sua tese de doutorado, atuou como professor substituto de História do Brasil Republicano na UFF.

Possui dois livros publicados. O primeiro, intitulado “Os Bispos Católicos e A Ditadura Militar Brasileira: A Visão da Espionagem”, foi publicado em 2014 pela editora Record; e o segundo, “Liberdade Vigiada”. “As Relações Entre A Ditadura Militar Brasileira e O Governo Francês: Do Golpe À Anistia”, acaba de ser publicado pela mesma editora. “Tenho divido minhas atividades acadêmicas em duas frentes: os estudos relativos à ditadura militar e a produção de conhecimento para um público mais amplo, a chamada História Pública”, revela Paulo Cesar. O escritor é também curador do Clube Da Vinci, o clube de livros por assinatura da livraria Leonardo da Vinci, no Rio de Janeiro.

Em seu primeiro, “Os Bispos Católicos e A Ditadura Militar Brasileira: A Visão da Espionagem”, o autor traz o resultado da pesquisa desenvolvida no seu mestrado. Na obra, o objetivo foi analisar de que forma os órgãos repressivos da ditadura buscaram impedir as denúncias dos bispos chamados “progressistas” contra o governo brasileiro tanto em território nacional como no exterior. Os governantes brasileiros buscaram a todo custo impedir as atividades oposicionistas desses bispos. No entanto, seu poder de repressão contra eles era muito limitado, já que sua posição na hierarquia da Igreja acabava protegendo-os, impedindo com que fossem tratados da mesma maneira que os outros oposicionistas.

Jornalista vencedora do Prêmio Jabuti lança romance que aborda os anos de chumbo no Brasil

O amor é capaz de sobreviver a uma ditadura? Eis a questão levantada pelo romance “A Noite Em Que O Amor Morreu”, de Taís Morais e publicado pela Editora Penalux. A escritora, que já foi premiada em 2006 com o prêmio Jabuti de melhor livro-reportagem, retrata nesse livro, que mistura ficção com aspectos históricos do país, a ditadura militar e seu sistema de opressão e desumanização em contraste com a liquidez humana de personagens complexos, feitos de várias camadas e tons inesperados. A obra conta com 346 páginas e será lançada no próximo dia 26 de fevereiro, a partir das 19h30, no Beirute Bar (CLN 107/Asa Norte) em Brasília (DF).

Intercalando cenas de tortura e afeto, a jornalista cria um romance em que testa o amor em tempos de ditadura. E esse amor vencerá? A resposta aguarda os leitores ao fim deste apaixonante livro. A história acontece em Brasília, nos anos 1970. Sob os olhos atentos dos militares, as pessoas conviviam com a repressão. O governo vigiava tudo e a todos. Nesse contexto, surge o amor entre dois jovens.  Ela, estudante da UnB e militante dos movimentos contra o regime; ele, um homem cheio de mistérios, paciente e amoroso.  Ela, classe média/alta; ele, filho de produtores rurais.

Sendo uma pesquisadora desse período conturbado da nossa História, Taís Morais consegue criar um romance diferente, concebido a partir de um cenário conhecido, mas inexplorado da capital federal. Amor e traição afloram nesta trama que mistura pesquisa e fabulação. “Uma história de romance e suspense”, explica a autora.  “A cada momento o leitor pode ser surpreendido pela força e bravura desses dois jovens num cenário de alta tensão política e social”.

No texto de orelha, o escritor César Miranda define assim a autora e sua obra: “Taís Morais fala do que conhece e nos revela o romance, o drama, a comédia humana que brota de nossa história recente e que só ela poderia contar. [...] Eis a cidade, Brasília, uma das personagens da história, plena de quimeras, labutas e desejos, que precisa ser despida da imagem intimidadora que muitos têm dela e abraçada como o paraíso ignorado que é, lugar onde pessoas vivem vidas comuns em meio àquelas que fazem a história e muitas vezes esses papéis se misturam e se desarrumam na desordem da cidade tão perfeitamente planejada. Mas, a questão que ocorre ao leitor diligente é: como não temos no Brasil mais livros assim?”.

Jornalista, pesquisadora da Ditadura Militar brasileira. Premiada com o Jabuti na categoria melhor livro-reportagem de 2006. Finalista do mesmo prêmio em 2009. Mestre em Comunicação pela Universidade de Brasília. Doutoranda em Ciência da Comunicação pela Universidade de Coimbra. Mãe do Matheus e da Camila. Ciclista e Peregrina. O livro “A Noite Em Que O Amor Morreu” já está à venda por R$ 45,00 pelo site da editora (www.editorapenalux.com.br/loja/a-noite-em-que-o-amor-morreu).

TRECHO DA OBRA: “Era tiro para todo lado. Quando tudo se acalmou, as pessoas foram se aglomerando em volta do cadáver do Paulo. A cabeça estava estourada, tinha pedaços de cérebro no chão. Eu virei as costas e fingi que ia vomitar. O policial abriu espaço e eu saí devagar para não levantar suspeitas. Fora do campo de visão dos homens, corri o mais rápido que consegui. Bati no aparelho e os três já estavam lá. Pálidos. Pegamos o carro e fizemos o combinado: ganhamos a estrada. Depois de meia hora viajando, Márcia avisou que seu braço estava ferido. Paramos em uma estrada de terra batida, nervosos e desnorteados. Logo o Carlos perguntou: ‘E agora? Pra onde vamos? O que vamos fazer?”.

Professor e ex-preso político Paulo Pontes, relata em livro, memórias da ditadura militar

O professor universitário e ex-preso político pernambucano Paulo Pontes, apresenta na obra “Memórias da Resistência Na Ditadura e Depois - Recife, Natal, Salvador”, trágicas histórias sobre o período da Ditadura Militar, baseando-se numa série de relatos e acontecimentos ligados ao período. O livro conta com 19 capítulos em 411 páginas e é composto por narrativas construídas desde 1964 até os dias de hoje, associadas a temas como repressão política, torturas, greves, movimentos estudantis e transformações. O lançamento da obra será lançado nesta quarta-feira (28) no Bardallos Comida e Arte (Rua Gonçalves Ledo, 761 - Cidade Alta), em Natal (RN).

O autor relata no livro as lutas que enfrentou desde a época do movimento estudantil em 1968, da guerrilha urbana, das torturas, dos nove anos em que esteve preso na Penitenciária Lemos de Brito, na Bahia, da estrutura do Coletivo de presos políticos, das reivindicações, das greves de fome, e do assassinato sob tortura da sua esposa, Lourdes Wanderlei. Ex-preso político, Pontes também discorre sobre a reorganização da sua vida profissional e pessoal, o curso de Economia, do segundo casamento e da paternidade, além de abordar aspectos da sobrevivência carcerária de presos comuns.

Paulo Pontes nasceu em São Caetano, Agreste do estado de Pernambuco em 1945. Filho de um pequeno comerciante, foi estudante do Colégio Estadual de Pernambuco (CEP), atual Ginásio Pernambucano, e destacou-se no movimento estudantil, marcado por confrontos de rua e repreensões políticas generalizadas. Após uma série de prisões e ser libertado por habeas-corpus, foi condenado a seis meses de prisão (1968), mas se recusou a cumprir a pena e fugiu para Natal (RN). Em seguida mudou-se para Salvador, atuando na organização partidária e filiando-se ao Partido dos Trabalhadores (PT), e deu início à sua trajetória como professor.

Foto- Mariana Curcio - Esp DP
O são-caetanense se tornou nome influente no meio político baiano e ocupou cargos na Secretária de Educação do estado, operando em dois governos petistas. Atualmente aposentado como professor, o autor dedica-se à literatura, escrevendo memórias desde 2017. O seu livro “Memórias da Resistência Na Ditadura e Depois - Recife, Natal, Salvador” está à venda por R$ 40,00.

Contextualizando a ditadura militar, novo livro de Manuel Filho compara a época com os dias de hoje

O autor Manuel Filho, a Editora do Brasil e a Prefeitura de São Bernardo do Campo/SP, lançam neste sábado (27), às 9:30h, na Cidade da Criança (Teatro Amazonas – Rua Tasman, 301, Jardim do Mar), a história de “O Menino Que Queria Ser Prefeito”, com ilustração de Thais Linhares. A obra transcorre no final da década de 1970, quando o Brasil vivia o período da Ditadura Militar, na qual os direitos políticos dos brasileiros eram bastante restritos e não podíamos eleger o presidente do país. Trata-se de uma obra bastante oportuna já que nesse momento o país vive um ano eleitoral, fornecendo subsídios para fazer um paralelo entre os direitos políticos do cidadão ontem e hoje. O livro é uma publicação da Editora do Brasil com 104 páginas.

É com o pano de fundo do governo militar que o protagonista, o menino Murilo, encasqueta com uma coisa: ele queria ser prefeito. Tudo começa com um passeio ao parque infantil Cidade da Criança, em São Bernardo do Campo, repleto de atrações que seduziam a garotada, como o Submarino, o Teleférico, a Casa Maluca, a Cidade Amazônica e muito mais.

Acompanhado da mãe, da irmã e de um amigo da escola, Murilo rumava para a fila do Teleférico quando se deparou com uma aglomeração em torno de uma figura curiosa: um garoto de cartola, trajando fraque e gravata borboleta, que desfilava pelo parque, distribuindo doces e sorrisos. Curioso, quis saber de um funcionário do parque quem era o garoto e descobriu embasbacado que se tratava do Prefeitinho da Cidade da Criança. E mais: uma das vantagens desse garoto era poder brincar de graça no parque todo! Murilo não teve dúvidas. “Daquele dia em diante eu só queria saber uma coisa:  Como é que alguém se torna prefeito? Será que tinha que ser filho do dono do parque? Comprar uma coisa? Participar de um concurso?”. Dias depois, não é que ele teve a resposta? E veio pela boca da diretora de sua escola: “Nossa escola foi escolhida para concorrer à eleição do prefeitinho da Cidade da Criança”.

Numa época em que a democracia era um conceito distante do cotidiano das pessoas, Murilo terá muito o que aprender sobre o processo democrático e a liberdade enquanto batalha para realizar o seu sonho. E seu tio será a chave para desvendar os segredos sobre esse jogo político que seu pai e sua mãe procuram manter longe das crianças.

Com a obra, o autor amplia o conhecimento sobre o processo eleitoral, permitindo que o leitor possa comparar as diferenças entre as eleições do passado com as atuais, livres e dentro da democracia, quando é possível escolher um candidato a qualquer cargo eletivo. Também é ressaltado o aspecto da responsabilidade, uma vez que a facilidade de acesso permite que, hoje, todo candidato seja investigado profundamente nos quesitos de ética, propostas e cidadania.

A reconstituição de época é bastante precisa, o que possibilita conhecer aspectos curiosos, que deixaram de existir como a expectativa da instalação de um telefone fixo, TV preto e branco e saudosos apresentadores de programa de auditório, como Hebe Camargo. Além disso, o leitor pode acompanhar as lembranças sobre o surgimento da TV e do cinema no Brasil.

Assim, de uma maneira divertida, Manuel Filho dá o seu recado aos jovens leitores sobre ética, democracia e um período bem delicado da história do Brasil. De quebra, ainda revisita uma lembrança da infância, uma vez que ele próprio, quando criança, costumava ir ao parque enfocado no livro e almejara ser o prefeitinho. “A Cidade da Criança ainda é um local incrível, e eu passei nela alguns dos anos mais felizes da minha vida. Este livro é a realização de um sonho”, diz ele. A obra custa R$ 51,20 pelo site da editora (www.lojavirtual.editoradobrasil.com.br).

Nascido em São Bernardo do Campo, SP, em 1968, ainda criança, Manuel Filho era assíduo frequentador de bibliotecas públicas em sua cidade, onde devorava livros, revistas e gibis. O ouro do fantasma, da célebre coleção Vaga-Lume, foi seu primeiro livro publicado. Desde então, já publicou mais de 50 títulos, merecendo vários prêmios e incentivos literários, como o Jabuti e o ProAC-SP. Também já recebeu por cinco vezes o selo de “Acervo Básico” da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). Ministra oficinas literárias pelo País inteiro e ainda atua como ator e cantor.

Thais Linhares atua na área editorial, de cinema e de animação. Possui diversos trabalhos publicados como ilustradora, escritora e quadrinista, alguns deles adotados no PNBE (Programa Nacional Biblioteca na Escola) e também outros programas municipais e estaduais de adoção de livros para bibliotecas e escola.

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