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Literatura e memória: Em podcast, Saulo Barreto faz um mergulho na arte de escrever e na pesquisa histórica

Durante entrevista em podcat do canal Hipertexto, o poeta e filósofo Rogério Rocha promoveu um bate-papo enriquecedor com o escritor e pesqu...

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Romance “De Onde Eles Vêm” retrata as transformações sociais e os desafios dos cotistas nas universidades

Foto: Livraria Baleia

O escritor Jeferson Tenório, autor do premiado “O Avesso da Pele”, lançou recentemente seu novo livro “De Onde Eles Vêm”, publicado pela Companhia das Letras e que aborda a entrada dos primeiros estudantes cotistas nas universidades públicas brasileiras. A obra, que tem como pano de fundo a política de cotas raciais, narra a trajetória de Joaquim, um jovem negro que enfrenta desafios e preconceitos ao ingressar na universidade.

Tenório, que também foi um dos primeiros estudantes a ingressar na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pelo sistema de cotas, utiliza sua experiência pessoal para dar vida ao personagem Joaquim. O autor destaca que a política de cotas foi uma “revolução silenciosa” que transformou o ambiente acadêmico e proporcionou oportunidades para uma população historicamente excluída do ensino superior.

Em entrevistas, o autor defende o direito ao descanso e ao encanto, ressaltando a importância de democratizar o acesso ao lazer e à educação. Ele acredita que essas políticas são fundamentais para combater a herança escravocrata do Brasil e promover a inclusão social.

O lançamento de “De Onde Eles Vêm” coincidiu com um momento de efervescência social, onde movimentos populares e propostas legislativas buscam mudanças estruturais no país. A obra de Tenório não apenas retrata a luta dos estudantes cotistas, mas também serve como um chamado à reflexão sobre as desigualdades e os desafios enfrentados por esses jovens.

No livro, Jeferson Tenório destaca a sensibilidade e a profundidade, abordando temas como racismo, exclusão e resistência. “De Onde Eles Vêm” não é um simples livro, é mais do que uma narrativa sobre a vida universitária; é um retrato poderoso das transformações sociais e das batalhas cotidianas pela igualdade.

Foto: Rafael Trindade

Jeferson Tenório, nascido no Rio de Janeiro em 1977, é um renomado escritor, professor e pesquisador brasileiro, atualmente radicado em Porto Alegre. Doutor em Teoria Literária pela PUC-RS, Tenório tem uma carreira marcada por contribuições significativas à literatura e à educação.

Sua estreia na literatura ocorreu em 2013 com o romance “O Beijo na Parede”, qual foi eleito Livro do Ano, pela Associação Gaúcha de Escritores. Desde então, Tenório tem se destacado no cenário literário com obras que exploram temas profundos e relevantes. Seu livro “Estela sem Deus”, publicado em 2018, e “O Avesso da Pele”, de 2020, são exemplos de sua habilidade em abordar questões complexas com sensibilidade e profundidade. Esse último, foi agraciado com o prêmio Jabuti e teve seus direitos vendidos para diversos países, incluindo Portugal, Itália, Inglaterra, Canadá, França, México, Eslováquia, Suécia, China, Bélgica e Estados Unidos.

Além de sua carreira literária, Tenório também atuou como colunista para o jornal Zero Hora e UOL/Folha de S. Paulo até abril de 2023. Sua experiência acadêmica inclui uma posição como professor visitante de literatura na Brown University, nos Estados Unidos. Seus textos foram adaptados para o teatro e seus contos traduzidos para o inglês e o espanhol, ampliando ainda mais seu alcance e impacto no universo literário.

Escritor “erra” questão sobre seu próprio livro em prova do Enem


Em uma situação inusitada, o escritor brasileiro Julián Fuks cometeu um “erro” ao responder uma questão do Enem, que trazia um trecho do seu livro “A Resistência”, publicado em 2015 pela Companhia das Letras. A questão, que fazia referência ao livro, foi respondida de forma “incorreta” pelo autor, o que gerou uma onda de comentários nas redes sociais e entre estudantes.

Julián Fuks foi pego de surpresa nesta última semana, ao ser informado de que o trecho de um dos seus livros foi parar em uma questão do Enem deste ano. “Nem preciso dizer quanto me senti lisonjeado ao ver um livro meu virando pergunta no Enem. Susto, satisfação, alegria, estranhamento, tudo isso compôs com graça a experiência... A pergunta é difícil, intrincada, incerta. Eu mesmo não saberia explicar com toda convicção o que há por trás dessas reflexões do meu narrador”, escreveu em seu Instagram, no último dia 4 de novembro.

Em outra publicação, Fuks comentou: “Desde o fim da tarde de domingo começavam a pulular as mensagens, simpáticas, festivas, até eufóricas. Havia caído uma pergunta sobre meu livro A resistência no Enem e os amigos se apressavam em me dar a notícia, em alardear que quatro milhões de pessoas haviam sido expostas no mesmo instante a um parágrafo meu, e que aquilo era motivo de grande honra. Senti de fato essa alegria vaidosa que jamais deveria render uma crônica. Mas senti também um súbito e inegável receio de que falhasse a minha comunicação com aqueles quatro milhões de jovens, que naquela tensa situação de prova poderiam odiar minhas abstrações, meus adjetivos excessivos, meus significados esquivos, minha sintaxe sinuosa demais”.


“O receio se agravou quando enfim bati os olhos naquela questão 29 e me vi perdido entre suas opções de resposta, quase todas razoavelmente exatas, quase todas à sua maneira, próximas do que eu desejara dizer naquela passagem. Não costumo me sair mal em provas; como é necessário em tempo hábil formar convicção por uma resposta, escolhi a alternativa que me pareceu mais adequada e já me pus a esclarecer quem me consultasse, a D era a resposta certa. Não foi uma surpresa absoluta quando começaram a despontar os gabaritos revelando o meu vexame: eu havia errado uma pergunta sobre as intenções do narrador da minha própria obra”, continuou.

O episódio gerou uma discussão sobre a importância de estar atento e preparado, mesmo para aqueles que já possuem um alto nível de conhecimento sobre o assunto. Além disso, o autor destacou a vulnerabilidade humana, mesmo entre profissionais renomados: “Não costumo me sair mal em provas; como é necessário em tempo hábil formar convicção por uma resposta, escolhi a alternativa que me pareceu mais adequada e já me pus a esclarecer quem me consultasse, a D era a resposta certa. Não foi uma surpresa absoluta quando começaram a despontar os gabaritos revelando o meu vexame: eu havia errado uma pergunta sobre as intenções do narrador da minha própria obra”, escreveu em sua coluna no Ecoa (UOL).

“Ali eu chegava enfim a entender por que meu erro no Enem, ou por que o erro do Enem, não me causava nem espanto nem choque. Estávamos apenas diante de mais uma manifestação da literatura em sua complexidade, em sua infinita nuance, em sua natureza insondável. Não se espere da literatura, nem das mensagens dos escritores, nem das interpretações dos críticos, nem das deduções dos examinadores, nenhum tipo de exatidão. Essa expectativa é de todo contrária à vocação da literatura, que é mais rica e mais veraz quanto mais ambígua se mostrar, quanto mais resistente a reduções simplistas. É assim que ela continua a suscitar suas infindáveis perguntas, que podem muito bem ajudar a compor os exames nacionais, ainda que delas em última instância ninguém consiga depurar respostas corretas, nem mesmo os seus autores”, desabafa.

O próprio escritor reconheceu o erro, admitindo que foi um momento de desconforto. Ele destacou que, apesar de sua experiência e conhecimento sobre o livro, a pressão do exame pode ter contribuído para o erro. “Eis a lição que a literatura tem a oferecer nesses sinuosos domínios do conhecimento: num mundo cioso demais de suas verdades, é a lição da dúvida irreparável, a lição do imperscrutável, do indefinível”, finaliza.


A obra “A Resistência” traz a história de uma família de intelectuais argentinos que vieram para o Brasil após o golpe militar na Argentina em 1976. Adotam uma criança e, posteriormente, têm outros filhos biológicos. A intrincada relação familiar é observada por Sebástian, o irmão caçula, que, ao compreender a história de seus pais e as emoções de seu irmão adotivo, procura reescrever essa narrativa familiar.


Julián Fuks nasceu em São Paulo, em 1981. É autor de “A procura do romance”, “Histórias de literatura e cegueira”, ambos finalistas dos prêmios Jabuti e Portugal Telecom, e dos romances “A resistência”, traduzido para cinco línguas e vencedor dos prêmios Jabuti de Livro do Ano de Ficção e Melhor Romance (2016), Prêmio Literário José Saramago (2017) e o Prêmio Anna Seghers (2018), e “A ocupação”, finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Oceanos (2020). O escritor foi eleito pela revista Granta um dos “melhores jovens escritores brasileiros”.

Prêmio Jabuti divulga lista de semifinalistas: DF se destaca com duas obras entre os selecionados na categoria romance literário


Dois escritores do Distrito Federal estão entre os dez semifinalistas de 2024 da principal categoria do mais prestigiado prêmio literário nacional, o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (CBL). As obras são dos autores André Cunha, com a comédia romântica “Quem falou?” (Penalux/Litteralux, 2021), e Fabiane Guimarães, com “Como se fosse um monstro” (Alfaguara, 2023). Ambas concorrem na categoria Melhor Romance Literário, ao lado de nomes consagrados da literatura brasileira, como Martha Batalha, Socorro Accioli e Itamar Vieira Jr. Os finalistas serão divulgados no dia 5 de novembro.

Em “Quem falou?”, o escritor veterano André Cunha apresenta uma prosa ágil e bem-humorada. Uma jornalista na casa dos 30 anos, Rebeca Witzack, conta em primeira pessoa suas desventuras amorosas em Florianópolis, no sul do país. Saída de um relacionamento, ela relata, com muito deboche e ironia – “sem drama”, como ela mesma diz –, como passou a namorar outro homem e engravidou de um terceiro.

Mas que o leitor não se engane: por trás dessa leveza e desse humor, há uma complexidade que não se deixa alcançar à primeira vista. Alternando vozes sem aviso prévio, indo e voltando no tempo, a narradora-personagem vai compondo aos poucos um mosaico que dá o que pensar sobre o mundo contemporâneo. Misturando referências de cultura brasileira, universo pop, filosofia e literatura, a jornalista aborda de questões superficiais a temas existenciais e sociais.

Um livro envolvente sobre o que significa tomar decisões e como elas impactam a vida dos outros, “Como se fosse um monstro”, segundo romance de Fabiane Guimarães, é uma reflexão única sobre a maternidade, a culpa e o direito de escolher. Na trama, em Brasília nas décadas de 1980 e 1990, uma jovem negra sai do interior para trabalhar como mensalista na casa de um casal rico na cidade grande. Lá, enquanto tenta entender a dinâmica diária dos dois, começa a ver algumas meninas passando diariamente para algum tipo de entrevista a portas fechadas. Depois de meses sem achar a escolhida, o casal finalmente faz a proposta a Damiana: que ela trabalhe como barriga de aluguel.

Damiana aceita sem entender muito bem, passa por uma inseminação artificial caseira e um cárcere privado de nove meses. Depois que o bebê nasce, ela conhece Moreno, um “especialista” nesse tipo de negócios que explica quão inconsequente foi aquela decisão e sugere que os dois passem a trabalhar juntos. A história de Damiana e sua relação com a maternidade, o próprio corpo e a rede clandestina de produção de bebês é contada a uma jornalista quando ela já está idosa, vivendo novamente no campo.

Embora tenha menos de dois por cento da população do país, o Distrito Federal abocanhou vinte por cento das vagas na categoria que elege o melhor romance literário do ano em uma premiação com milhares de inscritos. Os vencedores serão anunciados em cerimônia no dia 19 de novembro, em São Paulo (SP).


André Cunha é autor de vários livros, entre eles “Brasília, gravidade zero”, finalista do prêmio Sesc de literatura de 2015, pela Selo Jovem, a ficção especulativa “O futurista – reportagens que vão mudar o mundo”, pela Trevo, e a novela satírica “Colisão Frontal”, pelo Grupo Editorial Caravana.


Fabiane Guimarães nasceu no interior de Goiás, em 1991, onde cresceu e começou a escrever ainda criança. Jornalista formada pela Universidade de Brasília (UnB), é autora da novela seriada “Pequenas esposas”, publicada pela revista digital AzMina, e do romance “Apague a luz se for chorar”, publicado pela Alfaguara e finalista do prêmio Candango.

“Wyna, Daqui a Três Estrelas - O Peregrino de Antares” é o primeiro romance publicado do escritor Gabriele Sapio

A obra de ficção científica “Wyna, Daqui a Três Estrelas - O Peregrino de Antares” é o primeiro romance do escritor Gabriele Sapio a ser lançado. O livro, que mistura ficção, romance e aventura, foi publicado pela Editora Dialética e envolve, numa trama cheia de mistério e revelações, um afortunado e abençoado terráqueo, que fora escolhido pelas altas esferas cósmicas para o contato com uma belíssima e encantadora mulher alienígena, procedente do sistema estelar de Antares. O desfecho final traz uma razão especial, decisiva e crucial para o porvir e o amanhã dos habitantes do planeta Terra. A obra encontra-se disponível nos formatos físico, e-book e audiobook nas principais livrarias do mercado.

A narrativa transcorre acerca de uma sucessão notável e singular de belíssimas e sublimes experiências oniricas vividas e experimentadas no decorrer de toda a sua vida, por um terráqueo que foi escolhido e preparado por seres muito evoluídos espiritualmente dos mais altos planos cósmicos, em virtude de suas qualidades especiais e pelo fato de possuir uma mente cósmica, para o contato com uma belíssima, encantadora, magnética e fascinante mulher alienígena cujo planeta natal se encontra no sistema estelar de Antares, a qual se chama Wyna. No decorrer da trama, o terráqueo é preparado e treinado de forma gradual e cada vez mais intensa para o contato com a Wyna, com o fim último de ambos realizarem uma missão conjunta de grande importância para a garantia da ocorrência da linha do tempo do futuro positivo e brilhante da humanidade terrestre.

O livro surgiu a partir de diversos sonhos lúcidos desde quando Sapio era uma criança, na Itália (seu país de origem, e onde morou até os 11 anos de idade) e quando era adolescente, já no Brasil dos anos 80. No sonho, havia uma deslumbrante, sedutora e belíssima mulher alienígena procedente do sistema estelar de Antares, cujo nome é Wyna. Sendo que o sonho mais marcante, incrível e extraordinário que teve com a Wyna foi há mais de 20 anos, ocasião em que sonhou casando-se com ela. Isso foi compartilhado com os membros de um grupo ufológico que Gabriele participava até recentemente. E nas conversas e interpretações suas, e dos colegas do grupo, veio a ideia de publicar um livro sobre a Wyna.

Gabriele Sapio é natural da Itália, mas desde sua adolescência vive no Brasil. É Graduado em Direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI, 1992) e especialista em Docência do Ensino Superior, pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI, 2001). Além disso, é Mestre em Direito Constitucional, pela Universidade Federal do Ceará (UFC, 2005) e Doutor em Ciências Jurídicas y Sociales, pela Universidad del Museo Social Argentino (Buenos Aires, Argentina, 2015). Atualmente é professor de Direito na UESPI e Tradutor Público na Língua Italiana junto a JUCEC - Junta Comercial do Ceará. O seu livro “Wyna, Daqui a Três Estrelas - O Peregrino de Antares “está disponível para venda também pelos sites da Amazon (https://amzn.to/4ebOWJ6) e da Editora Dialética.

Lançado “Mares agitados - na periferia dos anos 1970”, novo livro de Mazé Torquato Chotil


A jornalista, pesquisadora e autora sul-mato-grossense Mazé Torquato Chotil 
nos apresenta seu novo livro, “Mares agitados: na periferia dos anos 1970”. O romance tem como personagem principal uma jovem estudante do ensino médio que deseja fazer faculdade. Mas com a falta de universidade na sua região, ela migra para a periferia da Grande São Paulo. Publicado pela Editora Patuá, a obra será lançada no próximo dia 11 de novembro a partir das 15h30, durante um bate-papo na Unidade Universitária de Campo Grande (UEMS –UUCG).

Em meados dos anos 70, num país sob ditadura, a personagem vai descobrir a maior cidade da América Latina, sua história, seus monumentos... Vai buscar trabalho para financiar seus estudos, fazer amizade no colégio e se preparar para passar o vestibular. Conseguirá seu objetivo?

Na apresentação da obra, a professora e escritora das academias de Ciências de Lisboa e Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Raquel Naveira, destaca: “O processo memorialístico da escrita de Mazé Torquato Chotil lembrou-me a obra literária da escritora e professora francesa Annie Ernaux (1940), laureada com o Nobel de Literatura de 2022. Annie é autobiográfica, com romances que remetem à sociologia. Com coragem, inteligência, sentimento sem sentimentalismo, ela vai penetrando em suas raízes, trazendo estranhamentos coletivos de sua memória pessoal. Vai traçando um vasto panorama, explorando seus cadernos de anotações, planos e reflexões”.


Mazé Torquato Chotil é jornalista e autora. Doutora (Paris VIII) e pós-doutora (EHESS), nasceu em Glória de Dourados-MS, morou em Osasco-SP e vive em Paris desde 1985. Donde trabalha na divulgação da cultura brasileira, sobretudo a literária. Foi editora da 00h00 (catálogo lusófono) e escreveu – e escreve – para a imprensa brasileira e sites europeus. 

Com o recém-lançado, ela agora possui 14 livros lançados, destes, cinco em francês. Fazem parte da sua coleção de publicações: “Na sombra do ipê”; “No Crepúsculo da vida”; “Lembranças do sítio / Mon enfance dans le Mato Grosso”; “Lembranças da vila”; “Nascentes vivas para os povos Guarani, Kaiowá e Terena”; “José Ibrahim: O líder da grande greve que afrontou a ditadura”; “Trabalhadores Exilados”; “Maria d’Apparecida negroluminosa voz”; e “Na rota de traficantes de obras de arte”. O livro “Mares agitados: na periferia dos anos 1970” já está disponível para venda pelo site da editora por cerca de R$ 60,00 (https://www.editorapatua.com.br/mares-agitados-na-periferia-dos-anos-1970).

O absurdo existencialista nos contos do autor maranhense S. Barreto

A literatura é um espelho da condição humana, refletindo nossas dúvidas, angústias e a incessante busca por sentido. Autores como S. Barreto, Franz Kafka e Fiódor Dostoiévski exploram temas existencialistas e absurdistas, desnudando a complexidade da experiência humana à luz de revelações profundas e, muitas vezes, desconcertantes. Desse modo é muito comum visualizar as características dos contos do escritor S. Barreto, destacando suas convergências com as obras de Kafka e Dostoiévski, abordando a busca por significado em um mundo caótico e muitas vezes indiferente.

S. Barreto é um autor que, por meio de seus contos, levanta questões existenciais fundamentais. Em suas narrativas, os personagens frequentemente se deparam com situações absurdas que desafiam a lógica e a razão, refletindo a angústia da condição humana. O autor utiliza esse absurdo como um veículo para explorar o vazio da existência, onde as decisões muitas vezes não têm consequências claras, e a busca por um propósito se torna uma jornada solitária.

Assim como nas obras de Kafka, os protagonistas de Barreto enfrentam o surreal e o inexplicável, muitas vezes se encontrando à margem da sociedade. Essa sensação de alienação ressoa com o leitor, obrigando-o a confrontar sua própria vulnerabilidade em face das forças que moldam a realidade.


Assim o diálogo entre as prosas de Barreto, Kafka e Dostoiévski nos oferecem uma janela para a complexidade da existência humana, abordando a busca por significado em um mundo repleto de incertezas e absurdos. Através de seus contos e narrativas, esses autores nos desafiam a refletir sobre as crises pessoais, o isolamento na sociedade e a incessante jornada em busca de respostas que, muitas vezes, permanecem evasivas. A literatura existencialista e absurdista nos convida a abraçar nossas perguntas mais profundas, reconhecendo que, na fragilidade da vida, reside a beleza da busca por sentido.

Barreto já vem atuando no gênero há bastante tempo. O seu primeiro livro lançado foi “Pecados Consolados”, que em sua opinião, apesar de não ter alcançado o seu melhor, apresenta forte discussão acerca do sagrado e do profano. Depois desse vieram ainda “Uma vida perfeita e outros contozinhos” (2019), “Absurdidades” (2021), “O Circo e outros contos” (2ª ed., 2023) e “Discursos Mudos” (2ª ed., 2023), além do livro de crônicas “Escandescências” (2023).

Em seus contos, o fantástico não é apenas uma ferramenta narrativa, mas um meio de questionar e investigar a própria existência. A morte, frequentemente encarada como um tabu, ganha uma nova dimensão ao ser apresentada através de situações surreais e surrealistas. O tratamento da mortalidade nas narrativas de Barreto nos leva a confrontar nossos medos e incertezas. Ao inserir elementos fantásticos, o autor transforma a morte em um personagem em si, um protagonista silenciado que permeia a vida cotidiana de seus personagens.

Nos escritos do autor, a morte é frequentemente retratada como uma experiência transformadora e reveladora. O autor nos apresenta personagens perdidos, que, ao depararem-se com a finitude, são forçados a reexaminar suas vidas e suas escolhas. O uso do fantástico nesta perspectiva amplifica a experiência da morte, não apenas como um fim, mas como um ponto de inflexão que desafia o personagem a buscar significado em meio ao absurdo.

Num de seus contos mais conhecidos, “Negociando o fim”, que compõe o livro “O Circo e outros contos” o contista narra a excruciante história do seu Antônio, um idoso que, pelas circunstâncias do destino, tende a passar os últimos dias de sua vida isolado, longe daqueles que o imaginava amá-los. Mesmo estando nessa condição, e se fosse preciso, ele estaria disposto “negociar” com aquele ou aquela que, por natureza, teria responsabilidade de decretar o seu fim. Segue um trecho da narrativa:

[...]
– Olá, quem está aí? – fala Antônio assustado ao mesmo tempo em que tenta revirar-se na cadeira.
– Não Antônio! Não sujes sua mente olhando para mim. Recomendo que continue a admirar esse mar e esse lindo por do sol que é bem melhor – responde a voz rouca e sofrida, mas imponente – e como quem está aí? Não vai me dizer que não sentiu, nesses últimos dias, que eu estava chegando.
– Ah, então é você? Chegou rápido!
– Rápido? Pelo que consta o senhor já tem 75 anos de idade.
– Verdade, verdade. Sente aí vamos conversar.
– Não posso. Estou com pressa. Ainda tenho muita coisa a fazer pelo mundo. Preciso visitar milhões de pessoas. Nesses tempos finais, tenho tido trabalho redobrado, apesar de vocês homens, facilitarem muito meu trabalho.
– É mesmo. O mundo está cada vez mais cruel e injusto. E então, o que você quer? 
– O que eu quero? Preciso responder? Não seja tolo seu Antônio.
– Ah sim, desculpe-me não queria lhe aborrecer. Por favor, quero lhe fazer meu último pedido: reveja minha situação. Ainda não estou totalmente preparado. Será que não há chance para eu voltar ao asilo, esperar essa última visita e rever meus filhos. Você não poderia vir outro dia? Queria dizer que amo a todos os meus filhos, meus netos e todas as pessoas que puder. – implora Antônio, extremamente emocionado e com a voz embargada.
[...]

Não faz muito tempo o autor finalizou o conto “As quatro estações” que dará o título de seu próximo livro de contos. A narrativa fala da cativante Dona Violeta uma outrora senhora aristocrática em sua luta inglória para vencer o Alzheimer. Atualmente tem de conciliar seus escritos com o seu projeto de pesquisa que será submetido à seleção de doutorado. Esse livro será o último nesse gênero antes do autor passar a se dedicar a narrativas mais desafiadoras, por assim dizer, como no caso dos romances e ensaios filosóficos.

Essas e outras publicações do autor podem ser encontradas em sua página na Amazon, que tem tido grande aceitação do público conforme avaliações e comentários. Confira pelo link: https://amzn.to/40osZDs.

Escritora Juliana Monteiro lança romance “Nada lá fora e aqui dentro”, sobre pandemia e luto

A escritora e jornalista Juliana Monteiro lançou no último dia 11 o seu primeiro romance. A obra intitulada “Nada lá fora e aqui dentro”, foi publicado pela Editora Patuá, com cerca de 248 páginas, e nela a autora mergulha nas profundezas da alma humana, explorando a solidão, as memórias e as transformações pessoais de uma mulher em meio ao caos do mundo exterior durante a pandemia.

Ambientada no início da pandemia de Covid-19, em 2020, a obra conta a história de Loretta e traz temas como perda, memória, identidade, relações familiares e luto, explorando a travessia da personagem ao lidar com a morte repentina da mãe, Olivia, uma escritora premiada. O livro traz ao leitor uma perspectiva íntima do período e das dinâmicas de um país, a Itália, em quarentena.

Entre as paredes do apartamento da mãe em Nápoles, Loretta se vê confrontada não apenas pela morte da matriarca, mas pelo isolamento forçado, enquanto resgata memórias da infância e expõe as lacunas afetivas que marcaram sua relação com Olivia. Ao mesmo tempo, a personagem encara um percurso interior, questionando o sentido da própria vida, do casamento, das escolhas e do seu papel no mundo enquanto filha e também mãe.

Nessa estreia, Juliana Monteiro cria um retrato íntimo, que expõe a profundidade psíquica de uma mulher comum em crise, sobretudo nas descrições da dor e da solidão - inerentes à condição humana. “Nada lá fora e aqui dentro” propõe uma reflexão sobre o tempo, a fragilidade dos laços humanos e a construção da identidade feminina frente à perda e à mudança.

Com uma linguagem que alterna entre o delicado e o brutal, Juliana Monteiro conduz os leitores por um fluxo narrativo que vai da dureza do luto ao reencontro consigo mesma. A obra é rica em referências literárias, desde Clarice Lispector até Hilda Hilst, que pontuam o romance com epígrafes e inspiram os questionamentos existenciais da protagonista.

“Para onde vão os trens, meu pai?” — este verso de Hilda Hilst, que abre o romance, ecoa no desfecho da história de Loretta, em que o movimento externo contrasta com a imobilidade emocional e a introspecção. O cenário da pandemia amplifica esse paradoxo, criando uma atmosfera claustrofóbica onde o exterior e o interior se tornam reflexos um do outro.

Com a sensibilidade para explorar temas universais a partir de uma experiência profundamente pessoal, Juliana Monteiro apresenta uma obra que dialoga com o nosso tempo e convida o leitor a refletir sobre o papel das relações familiares, da memória e do próprio corpo em momentos de ruptura.

Juliana Monteiro é jornalista e escritora. Por quase 10 anos, foi livreira e curadora de um espaço cultural que manteve em Brasília (DF), sua cidade natal. Em 2014, mudou-se para Roma, onde vive com os dois filhos. É coautora do livro Ao Brasil, com amor, escrito em parceria com o jornalista Jamil Chade e publicado em 2022. O seu livro “Nada lá fora e aqui dentro” está disponível para venda por cerca de R$ 70,00 pelo site da editora Patuá (www.editorapatua.com.br/nada-la-fora-e-aqui-dentro-romance-de-juliana-monteiro/).

Agronegócio é tema no romance “Um lugar ao norte”, livro da escritora Silvia Gerschman

Embora seja um segmento muito falado no mercado, na política e, portanto, no jornalismo, pouco se vê do agronegócio como assunto literário. Quem sabe com o objetivo de preencher essa lacuna é que surge agora o livro “Um lugar ao norte” (Penalux), da escritora Silvia Gerschman, romance que aborda justamente esse aspecto da realidade brasileira. O seu lançamento ocorreu recentemente na Livraria Blooks (Rio de Janeiro). A obra segue à venda na loja virtual da editora e outros canais de vendas on-line, como a Amazon.

Nunca se falou tanto em agronegócio no Brasil quanto nos últimos anos. Afinal, é o setor que mais cresce no país e aquele (é o que dizem, pelo menos) que sustenta os dados mais robustos da nossa economia. O livro foi escrito nos últimos três anos e se passa, não por acaso, numa região em que o agronegócio predomina: o Estado do Mato Grosso, polo agrícola em que se destaca o crescimento da produção do gado e da soja, de onde se fortalece a exportação de commodities pelo nosso país.

“O lugar onde a trama do romance acontece foi escolhido propositalmente com o intuito de focar o estudo e análise que constitui o centro da dominação econômica e política no Brasil”, comenta a escritora.

A obra, que está dividida em 32 capítulos, retrata a vida de duas famílias de fazendeiros extremamente ricas e busca explorar o nódulo central do poder político e econômico. “Poder esse que alimenta uma personalidade tão sinistra como a cultivada pelo presidente atual”, acentua Gerschman.

O embate dos personagens que estão em cena em “Um lugar ao norte” visa também propor aos leitores uma melhor compreensão da presente conjuntura política.
Segundo as palavras da autora, o crescimento produtivo de soja e gado engendrou imensos complexos agrários, exercendo enorme força política na organização social, além de outros impactos na região mato-grossense.

O ponto central da trama escrita por Gershman, se foca na aspiração de um dos fazendeiros ricos da região, que mantém a expectativa de que sua filha seja herdeira e dirigente do seu agroimpério. Mas a filha vai percorrer um outro caminho, opondo-se firmemente à vontade paterna. Desse enfrentado nasce o conflito que sustenta a tensão do romance.
Nas palavras de Jonatan Silva, o romance “Um lugar ao norte” retrata um “Brasil convulsionado e dilacerado”. Nesse livro “somos testemunhas de vidas fragmentadas e à deriva, de laços familiares e de amizade que não suportam o peso da verdade. Através da história de Narcisa, nos deparamos com as feridas que dão corpo ao nosso mosaico de mazelas e imperfeições. [...] Ao mesmo tempo que investiga tantas inflexões e dissensões, a escritora cria uma narrativa elegante e charmosa, bem delineada e fluída, em que linguagem e conteúdo se articulam com originalidade e múltiplas camadas. ‘Um lugar ao norte’ carrega o leitor por um vale de lágrimas, mas também por momentos de uma ironia fina e inteligente, de cenas lapidadas com a força de quem conhece a precisão da palavra.  [...]  O romance não deixa dúvidas das batalhas que trava – tampouco de suas metáforas e representações –, porém, sem cair no vão da literatura urgente e descartável. [...] No final das contas, fica o gosto de uma leitura sólida e incômoda – que nos conecta com o mundo de uma maneira que poucos autores souberam fazer – e a sensação de uma experiência ética e estética inconfundível”.


Nascida em Buenos Aires, a socióologa Silvia Gerschman mudou-se para o Rio de Janeiro, onde mora desde 1977. Com mestrado no IUPERJ e doutorado na UNICAMP em Ciências Políticas e em Ciências Sociais, a autora é pesquisadora e professora da Fundação Oswaldo Cruz. Publicou numerosos artigos, além de contos em revistas literárias. É autora dos livros: “O renascimento em outras terras” (romance, Editora Patuá, 2019); “Contágios” (Contos, Editora Oito e Meio, 2016); “Ninhos” (Contos, Editora Patuá, 2019); “A partitura de Clara” (Romance, Editora Penalux, 2020). A obra “Um lugar ao norte”, conta com 272 páginas e está à venda por cerca de R$: 45,00 e pode ser adquirido na loja on-line da Editora (www.editorapenalux.com.br/loja/um-lugar-ao-norte).

Resenha: Adryan & Letycia - Adhemir Fortunatto


Livro: Adryan & Letycia
Autora: Adhemir Fortunatto
Ano: 2021
Páginas: 246
Gênero: Romance
Editora: Penalux
Classificação: 5/5 estrelas
 
Sobre o autor: Adhemy Fortunatto, nascido em Sertãozinho/SP, atua como escritor e musico. É autor de quatorze livros. Em 2019 publicou o romance “Ser feliz com quem quiser”, também pela Penalux.
 
Sinopse: Em um tempo em que criança, mulher, índio, negro, e animais não tinham vez, emergiu uma mulher diferente de suas contemporâneas, capaz de fazer a diferença – Letycia Bastos! Era o ano de 1614. Fazia, portanto, 114 anos que o Brasil havia sido descoberto. Portugal estava sob o domínio da maior potência da terra de então – a Espanha. Mas a Holanda também queria o que os espanhóis e os portugueses ambicionavam – as riquezas daquele Brasil de então. E assim, neste cenário da invasão holandesa em Pernambuco, que surgiu essa mulher que, para conseguir o que queria, não mediu esforços!
 
Resumo: Letycia Bastos, nascida em nosso país, com pais vindos de Portugal, tem um amor especial pelos animais. Seu pai esperava um menino para servir como soldado de Portugal, mas com o nascimento de Letycia sua esperança desapareceu, sendo assim a única coisa que poderia fazer era casar sua filha com um futuro soldado, o que aconteceu logo que ela nasceu. Quando Letycia Bastos se torna uma moça linda e majestosa prestes a se casar, sua cidade é ameaçada por Holandeses, fazendo seus casamento ser adiado. No acaso do destino Adryan cruza seu caminho fazendo seu coração vibrar e seu destino se tornar incerto.
 
Opinião: O livro tem uma narrativa muito elaborada, seus capítulos são bem distribuídos e o enredo é cativante fazendo nos confundir a realidade da ficção. O romance de época é o ponto fraco de muitos leitores e “Adryan & Letycia” com certeza faz parte desses romances.

Conheça a obra “A Domme”, romance da escritora Mariana Guedes

“A Domme” é um livro de romance erotizado da escritora paulista Mariana Guedes. Publicada pela Editora Foxtablet, a obra conta com cerca de 109 páginas e traz Samanta como a personagem principal, uma garota vítima de abuso sexual na infância e que ao passar dos anos desenvolve o transtorno da hipersexualidade. O livro é dedicado à comunidade LGBT, educadores do sexo, apreciadores do BDSM e àqueles que desfrutam de histórias cheias de desejos, experiências, devaneios e amor, seja ele monogânico ou poliamor.

Na trama, Samanta é uma menina de onze anos que foi brutalmente violentada por um grupo de jovens, assim tendo que passar por diversas terapias após o ocorrido. E ao contrário de outras garotas vítimas de abuso, ela desenvolveu a compulsão sexual (comportamento sexual excessivo e fora de controle). Após seis longos anos se relacionando apenas com mulheres, Samanta começou a entrar no obscuro de sua própria mente por conta de uma perda, que fez seus traumas do passado voltar à tona. A mais nova dominatrix estava surgindo e a cada experiência seu desejo por vingança apenas aumentava.

“Era necessário incluir uma mulher empoderada onde somente homens ganham destaque ao serem dominantes”, revela Mariana sobre a obra. O livro está no formato digital e já está disponível desde o dia 18 de setembro na Amazon Brasil por R$ 8,99 (https://amzn.to/3uecZSv).


Mariana Origuela Guedes tem 21 anos e reside na cidade de Salto, interior de São Paulo. É Terapeuta holística, escritora e sempre, com as palavras na ponta da caneta, decidiu fazer de seus pensamentos e sentimentos uma arte a ser apreciada. Em uma busca constante para saber quem realmente era, apenas escreveu: “Quem eu sou? Eu não sei! Me descubro a cada dia que passa, é como entrar em um labirinto sem saída onde vejo apenas as folhagens abaixo dos meus pés e o céu que há sob minha cabeça, as vezes dia, as vezes noite, radiante ou nublado, bonito ou feio, depende apenas do seu ponto de vista. Me perco em mim por muitas vezes, mas tenho a certeza de que mesmo no decesso há vida e ela apenas se recompõe, assim como eu, aprendo a cada momento com pessoas diferentes e em situações diferentes sempre buscando melhorar o meu eu, por mim e por mais ninguém”.

Resenha: Cigana – A Ilusão - A. F. Reis

Livro: Cigana – a ilusão
Autora: A. F. Reis
Ano: 2020
Páginas: 195
Gênero: Ficção brasileira 
Editora: Publicação independente
Classificação: 5/5 estrelas

Sobre a autora: A. F. Reis costuma trazer em suas obras a cultura de povos esquecidos ou marginalizados pela sociedade, como os celtas e os ciganos. Suas protagonistas são mulheres fortes e independentes. Sempre a frente do seu tempo, que precisam se redescobrir os desafios impostos pela vida.

Resumo: Uma jovem cigana chamada Carmem vive muito bem com sua família em seu acampamento, sonha em participar do conselho junto com seu pai, função que é exercida somente por homens; mas sua vida muda completamente quando homens vestido de preto invadem o acampamento. Sua família é separada e ela se ver fraca; ao longo da jornada descobri que existe um traidor entre eles e sua missão agora que encontra-lo, evitar um golpe de estado ao Rei e reunir o que sobrou de sua família.

Opinião: O livro tem uma estrutura bastante interessante, são parágrafos e capítulos curtos e muito dialogo. Tem aventura, romance, mistérios e reviravoltas, ingredientes perfeitos para uma maravilhosa ficção. A história mostra um pouco da cultura cigana com dialetos e rotinas típicos; consegue te cativar em todos os detalhes, especialmente pela protagonista ser uma mulher valente e nunca desistir de buscar a verdade.

Novos livros da autora A.F. Reis são publicados e abordam a cultura do povo cigano em um romance envolvente

Com o propósito de chegar a quatro volumes, a autora carioca A.F. Reis publicou recentemente dois livros da saga “Cigana”, uma coleção de romance épico que traz como pano de fundo a cultura cigana, até então vista na literatura como gatunos ou pessoas que levam vantagem sobre outras. O primeiro vem como “A Ilusão” e o segundo com o subtítulo “A Revelação”. Ambas as publicações são independentes, tiveram seus lançamentos em 2020 e estão disponíveis na Livraria Arabesco (em Nova Friburgo), na Amazon Brasil ou sob encomenda com a autora (@afreisescritora).

No primeiro livro, “Carmen é uma jovem que sonha em integrar o Conselho Cigano de seu acampamento, função exercida exclusivamente por homens. Como tem o apoio de seu pai, o líder do bando, acredita ser apenas uma questão de tempo os conselheiros aceitarem a sua presença. Tudo desmorona ao seu redor, quando o acampamento é atacado durante uma festa e sua mãe é sequestrada. Convencida de que existe um traidor entre os ciganos, Carmen iniciará em segredo suas investigações, apesar da proibição de Pablo, o novo líder do grupo”.

Enquanto que no segundo volume da saga, “a morte iminente do rei Felipe oferece a Sombrio a oportunidade que ele almejava para assumir o trono. Um inesperado aliado revela aos ciganos o maior segredo de Martinez. Carmen terá escolhas difíceis pela frente após descobrir quem é o traidor do bando, ao mesmo tempo em que é pressionada por seus pretendentes a tomar uma decisão”.

“A inspiração me veio quando eu estava numa roda de amigos ao redor da fogueira, conversando e ouvindo música cigana. Eu queria escrever sobre uma mulher forte e à frente do seu tempo, mostrando como pano de fundo a cultura do povo cigano, tão incompreendido ao longo do tempo”, escreve a autora sobre o livro. “Falta em nossa literatura exemplos onde os ciganos são os protagonistas (e heróis) da história. Normalmente, eles aparecem como gatunos ou alguém que leva vantagem sobre os demais. E a cultura dos ciganos vai tão além disso! Trata-se de um povo alegre, batalhador, que ama a natureza e vive a espiritualidade, a fé no invisível que nos rodeia, na prática. Cigana é a minha homenagem a esse povo”, completa.

“Adorei! Uma leitura leve, um suspense que nos mantém ligada na história, ótimo para esse tempo denso que estamos vivendo, conseguiu me levar a esquecer um pouco toda essa loucura me transportando para bosques e matas, as quais essa humanidade atual não dá valor. Deveriam aprender com o povo cigano o amor à terra, à natureza e a conservar seu próprio habitat. Enfim, obrigada por me proporcionar essas horas de fuga de nossa realidade atual”, comentário da leitora Márcia Mackenzie.

A.F. Reis é o pseudônimo literário da autora Andréia Figueira Reis, uma carioca nascida e residente em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro. É servidora pública desde 2005, formada em Direito. Descobriu a paixão pela escrita por mero acaso, escrevendo sobre o dia a dia do atendimento ao público na Receita Federal, órgão onde trabalha desde 2009. Esse foi o seu primeiro livro, lançado no formato físico e como e-book em 2018. Em 2019, publicou o meu primeiro romance, “Cigana”, lançado inicialmente apenas como e-book.


Em 2020, aproveitando o tempo livre por causa da pandemia do Covid-19, a autora fez diversos cursos na área de escrita criativa. Lançou uma nova versão de “Cigana” no final do ano de 2020, dividida em duas partes: “A Ilusão”; e “A Revelação”. Ainda em 2020, publicou o romance “Herança Celta”. Outra obra da autora é “Crônicas do Leão”, publicada de forma independente em 2018. A obra é um livro leve e prazeroso de ler, e retrata com bom humor o dia a dia do atendimento ao público em uma agência da Receita Federal. Os livros da saga “Cigana” estão à venda por R$ 15,00 (sem o frete) e R$ 5,99 nos formatos físico e e-book, respectivamente (
www.amazon.com.br/Cigana1 / www.amazon.com.br/Cigana2).

Veja o que diz a leitora Mari Petric sobre a saga: “Uma história envolvente que desperta o espírito aventureiro e romântico. Em um cenário curioso e culturalmente desconhecido por grande parte da sociedade, essa história é contada em uma linguagem leve e acessível e se desenvolve em um ritmo caloroso, apaixonado. A autora apresenta de maneira muito natural elementos de magia, além de valores como coragem e lealdade, o que produz um resultado muito agradável. Ao final da leitura, fica a impressão de que a história contada é a própria dança cigana: forte, viva, passional e romântica”.


Livro premiado narra a saga de família marroquina radicada em Manaus durante o Ciclo da Borracha

Em 2020, a escritora manuara Myriam Scotti foi a vencedora do Prêmio Literário Cidade de Manaus, na categoria romance regional. “Terra úmida” é o título desse livro premiado, que agora está sendo publicado pela editora Penalux com 268 páginas. A obra é um romance ímpar e comovente, construído com muita delicadeza nas narrações de Abner, um dos filhos, e de Syme, a mãe.

“Esse título foi escolhido por representar o clima amazônico”, diz a escritora à nossa assessoria. E completa: “Também foi escolhido por causa da personagem Syme. Vejo ela como uma criatura úmida, caudalosa, fértil, tanto quanto a terra que ela vai viver”.

Syme e Abner, outro personagem central do livro, fazem parte de uma família de judeus que saíram de Marrocos para se estabelecer no Amazonas no início do século passado, tendo em vista a promessa de prosperidade emanada pelo Ciclo da Borracha. Ao compor o percurso desses marroquinos, Myriam Scotti brinda o leitor com personagens cujas fronteiras psíquicas se movem ante o desconhecido.

“Além da reflexão sobre as relações familiares”, adianta a escritora, “quis trazer para a minha história a possibilidade de misturas de culturas, costumes e paisagens. E provocar alguns questionamentos mais profundos sobre deslocamento cultural e influências locais. Afinal, o que o desenraizamento pode provocar em nossa personalidade e relações?”

Anita Deak, autora que assina o texto de orelha do livro, diz que a autora “planta a terra úmida amazônica em cada personagem, e ela se infiltra lentamente em suas expectativas e dores, pressionando suas paisagens internas”. Destaca ainda a destreza narrativa de Myriam Scotti: “Ela tece as memórias de Abner e Syme num movimento pujante e fluido que enreda o leitor até a última página. Cabe destacar a maneira brilhante com que foi construída a tensão no círculo familiar, que resvala para questões fundamentais entre o feminino e o masculino”. Por fim, Anita antecipa o que o leitor encontrará neste romance: “Vai se deparar com cenários exuberantes, sentirá os cheiros do Marrocos e da Amazônia, mas perceberá em tudo isso o peso da ancestralidade a se erguer sobre todos os espaços. Como disse a escritora italiana Natalia Ginzburg, que tão bem escreveu sobre as questões familiares, o destino transcorre na alternância de esperanças e nostalgias. É uma reflexão que cabe também a esta bela obra que você tem em mãos”, finaliza.

Myriam acredita que seu livro também traz como contribuição um olhar para regiões e culturas ainda pouco exploradas no cenário literário. “Para além disso”, acrescenta a autora, “é uma história que trata, sobretudo, de questões humanas fundamentais e atemporais”.


Myriam Scotti, nascida em Manaus, em 1981, é escritora, poeta e mestranda em literatura e crítica literária pela PUC-SP. O seu livro “Terra úmida,” já se encontra disponível por R$45,00 pela loja online da editora pelo link www.editorapenalux.com.br/loja/terra-umida.

Resenha: O Rastro do Seu Sangue - Anna Luiza Freire

Livro: O rastro do seu sangue
Autora: Anna Luiza Freire
Ano: 2020
Paginas: 110
Gênero: Romance
Editora: Penalux
Classificação: 4/5 estrelas
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Sobre a autora: Anna Luiza Freire nasceu em 25 de Janeiro de 1996, em Salvador. É estudante de Letras, escritora e poeta. “O rastro de seu sangue”, seu romance de estreia, é reflexo de um amor intenso por transformar o cotidiano em ficção e pela cidade de Salvador.

Sinopse: Em uma cidade soteropolitana, em um verão de 1994, o destino de três jovens se entrelaçam: Glauber, um jovem de classe alta, cheio de si, mimado e que quer tudo para si não importando como; Claudia, uma garota alegre e sonhadora; e Juliano, um rapaz determinado trabalha para ajudar sua família e ao mesmo tempo estuda para lhes dar uma vida melhor. Em Janeiro de 1994, um incidente acontece e todos tem seus destinos transformados. Glauber, Claudia e Juliano são atormentados durante muito tempo até que a verdade vem à tona e dar fim a toda injustiça e impunidade que se perdurava até o momento.

Opinião: "O rastro de Seu Sangue" tem uma linguagem simples e de fácil entendimento. A história fictícia se mistura com fatos reais que se passam na mesma época, como mortes de pessoas famosas e acontecimentos que mudou o nosso país. O livro é muito cativante e altamente atraente, a história nos prende deste o primeiro capítulo, sendo recomendado para todos os amantes de romances.

Romance flerta com o realismo fantástico e apresenta uma narrativa fragmentada, mesclando passado, presente e futuro


O escritor Emmanuel Mirdad, coordenador geral e criador da Flica, está lançando pela Penalux o livro “oroboro baobá”, seu primeiro romance. Da sua origem até desembocar numa foz literária, este romance finalista de dois prêmios nacionais em 2017 (Prêmio Sesc de Literatura e Prêmio Cepe Nacional de Literatura), levou mais de oito anos para ser concluído, acumulando vinte versões de si mesmo. A obra vem com 324 páginas e já se encontra disponível na loja online da editora.

Assim, parte-se da simbologia de uma árvore sagrada engolindo as próprias raízes para conceber um universo peculiar: nada existe em consciência; tudo existe em herança antepassada. O insondável habita personagens impelidos a cumprir suas jornadas sem ter acesso à regência de suas vidas, dedicando-se ao destino que acreditam ter escolhido, porém alheios à ilusão do livre-arbítrio.

Em contínua transposição metafísica entre a costa africana e cidades interioranas da Bahia, uma ancestralidade intocável realiza um feito extraordinário em um simples campeonato de futebol amador. Entretanto, é nesse ambiente de aparente frivolidade que se expõe, em alta voltagem, as entranhas da natureza humana: disputas por território, narrativas e micropoderes que remontam à formação da identidade brasileira e à origem da riqueza das elites que exalam hipocrisia. Além disso, há o vigor feminino em confronto com estruturas arcaicas que insistem em inviabilizá-lo.

Contudo, trata-se de um livro cuja segunda leitura talvez permita a exploração de sutilezas que flertam com a epifania. Para só então compreender-se a óbvia onipresença do sagrado, por mais que tenha permanecido oculto.

“oroboro baobá” apresenta uma narrativa fragmentada: passado, presente e futuro são narrados no tempo presente, e vários personagens seguem as suas jornadas, sem o conhecimento da conexão que os envolve. Não há um protagonista; o importante é o movimento, as pequenas sagas que acontecem, orientadas pela premissa: “ontem é hoje, amanhã é hoje, tudo o que nos forma é hoje”.

É um romance de realismo fantástico, com a presença da divindade Mutujikaka, a guardiã, e as suas entidades africanas, como a transportadora Mensawaggo, a mensageira Makonga e a dançarina Mokamassoulé, regendo a aplicação do destino, o que está previamente definido, a verdade que os humanos (e elas) não têm acesso.

A seleção de Porto Seguro é favorita para ganhar o campeonato Amadô, graças às defesas sobrenaturais do goleiro negro Montanha, fenômeno que não toma gol, ídolo que não fala, evita relações, não dá entrevista nem permite ser tocado. Ninguém conhece o seu passado intrigante, que talvez seja ligado à jovem Miwa, encontrada no mangue de Mucuri após visões fantásticas com entidades africanas, adotada e criada por três mulheres negras que são descendentes de um mesmo ancestral africano, que foi escravizado e prosperou como um rico senhor fidalgo.

Há o empresário e chefe do tráfico que é o artilheiro do time, que busca a sua redenção através do futebol. Há o jornalista investigativo que se empenha em descobrir os mistérios do goleiro imbatível. Há a educadora Maxakali que têm de se separar da tribo por ameaças de bandidos e precisa descobrir onde está o seu filho, que é adotado e negro como Miwa. Um romance com muitos personagens e muitas locações, como Caraíva, Mucuri, Nanuque, Aldeia Verde e a mágica Avenida dos Baobás, em Madagascar.

O “oroboro” é o símbolo da conexão da boca com a cauda, da cabeça com o pé, dos galhos com as raízes, o início com o fim e/ou o fim com o início. É o círculo que se consome, que gira em eterno movimento, em continuidade incessante, a ida e a volta, morte-vida & vida-morte. O tempo como roda e não lança. Tudo ao mesmo tempo agora; futuro e passado, tudo é presente. Dizem que o símbolo tem origem no Egito Antigo, representado pela cobra que come o próprio rabo. Tradicionalmente, o oroboro é uma serpente, mas há versões como dragão. Sempre um animal. Daí, a inovação do romance: um oroboro vegetal, um oroboro de baobá, em homenagem à Renala (Adansonia grandidieri), endêmica de Madagascar, a “Mãe da Floresta”, segundo os malgaxes, o baobá presente no livro.


Baiano de Salvador, de outubro de 1980, formado em Jornalismo pela Facom – Ufba, Emmanuel Mirdad é autor do romance “oroboro baobá” (2020), de “O limbo dos clichês imperdoáveis” (2018), reunindo os 60 contos que escreveu entre 2000 e 2018, e “Quem se habilita a colorir o vazio” (2017), reunindo os 200 poemas que escreveu entre 1996 e 2017. É autor, também, das antologias de poemas “Ontem nada, amanhã silêncio” (2017) e “Yesterday, Nothing; Tomorrow, Silence” (2018), com tradução de Sabrina Gledhill. Todos os livros estão disponíveis para leitura e download no seu blog.

É um dos criadores, donos da marca e coordenadores gerais da Flica (Festa Literária Internacional de Cachoeira), e atuou como curador de quatro edições da festa (de 2012 a 2014, em parceria, e 2016, sozinho). Sócio-diretor da produtora Cali, que realiza a Flica ao lado da produtora Icontent/Rede Bahia. Produtor cultural com mais de 20 anos de carreira, realizou diversos projetos com patrocínio público-privado, como festivais, shows, premiações e gravações de álbuns, e foi sócio da produtora Putzgrillo Cultura (2008 a 2012).

Compositor, possui mais de quarenta músicas gravadas, entre rock e reggae progressivo e psicodélico, blues, groove, pop rock e experimental, em inglês e português, e mais de dez trabalhos lançados, entre EP’s e álbuns. Foi produtor fonográfico, artístico e executivo da banda de rock psicodélico progressivo The Orange Poem (2000 a 2014), e do projeto de psy-prog-reggae Orange Roots (2015 a 2019). Mantém o blog “O lampião e a peneira do mestiço” (www.elmirdad.blogspot.com). O seu livro “oroboro baobá” pode ser adquirido pleo link www.editorapenalux.com.br/loja/oroboro-baoba.

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