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Prêmio Jabuti divulga lista de semifinalistas: DF se destaca com duas obras entre os selecionados na categoria romance literário

Por: Bookeiro Publish Em: 03/11/2024


Dois escritores do Distrito Federal estão entre os dez semifinalistas de 2024 da principal categoria do mais prestigiado prêmio literário nacional, o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro (CBL). As obras são dos autores André Cunha, com a comédia romântica “Quem falou?” (Penalux/Litteralux, 2021), e Fabiane Guimarães, com “Como se fosse um monstro” (Alfaguara, 2023). Ambas concorrem na categoria Melhor Romance Literário, ao lado de nomes consagrados da literatura brasileira, como Martha Batalha, Socorro Accioli e Itamar Vieira Jr. Os finalistas serão divulgados no dia 5 de novembro.

Em “Quem falou?”, o escritor veterano André Cunha apresenta uma prosa ágil e bem-humorada. Uma jornalista na casa dos 30 anos, Rebeca Witzack, conta em primeira pessoa suas desventuras amorosas em Florianópolis, no sul do país. Saída de um relacionamento, ela relata, com muito deboche e ironia – “sem drama”, como ela mesma diz –, como passou a namorar outro homem e engravidou de um terceiro.

Mas que o leitor não se engane: por trás dessa leveza e desse humor, há uma complexidade que não se deixa alcançar à primeira vista. Alternando vozes sem aviso prévio, indo e voltando no tempo, a narradora-personagem vai compondo aos poucos um mosaico que dá o que pensar sobre o mundo contemporâneo. Misturando referências de cultura brasileira, universo pop, filosofia e literatura, a jornalista aborda de questões superficiais a temas existenciais e sociais.

Um livro envolvente sobre o que significa tomar decisões e como elas impactam a vida dos outros, “Como se fosse um monstro”, segundo romance de Fabiane Guimarães, é uma reflexão única sobre a maternidade, a culpa e o direito de escolher. Na trama, em Brasília nas décadas de 1980 e 1990, uma jovem negra sai do interior para trabalhar como mensalista na casa de um casal rico na cidade grande. Lá, enquanto tenta entender a dinâmica diária dos dois, começa a ver algumas meninas passando diariamente para algum tipo de entrevista a portas fechadas. Depois de meses sem achar a escolhida, o casal finalmente faz a proposta a Damiana: que ela trabalhe como barriga de aluguel.

Damiana aceita sem entender muito bem, passa por uma inseminação artificial caseira e um cárcere privado de nove meses. Depois que o bebê nasce, ela conhece Moreno, um “especialista” nesse tipo de negócios que explica quão inconsequente foi aquela decisão e sugere que os dois passem a trabalhar juntos. A história de Damiana e sua relação com a maternidade, o próprio corpo e a rede clandestina de produção de bebês é contada a uma jornalista quando ela já está idosa, vivendo novamente no campo.

Embora tenha menos de dois por cento da população do país, o Distrito Federal abocanhou vinte por cento das vagas na categoria que elege o melhor romance literário do ano em uma premiação com milhares de inscritos. Os vencedores serão anunciados em cerimônia no dia 19 de novembro, em São Paulo (SP).


André Cunha é autor de vários livros, entre eles “Brasília, gravidade zero”, finalista do prêmio Sesc de literatura de 2015, pela Selo Jovem, a ficção especulativa “O futurista – reportagens que vão mudar o mundo”, pela Trevo, e a novela satírica “Colisão Frontal”, pelo Grupo Editorial Caravana.


Fabiane Guimarães nasceu no interior de Goiás, em 1991, onde cresceu e começou a escrever ainda criança. Jornalista formada pela Universidade de Brasília (UnB), é autora da novela seriada “Pequenas esposas”, publicada pela revista digital AzMina, e do romance “Apague a luz se for chorar”, publicado pela Alfaguara e finalista do prêmio Candango.

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