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S. Barreto lança “As quatro estações” e marca seu espaço na literatura nacional

O escritor Saulo Barreto Lima lança mais uma obra de contos marcada pelo simbolismo e pela força narrativa: quatro histórias que dialogam en...

Livro de Alexandria Levitt e Charles Durrett mostra como comunidade de idosos virou referência mundial em habitação colaborativa


O livro “O Estado da Arte em Cohousing”, de Alexandria Levitt e Charles Durrett, apresenta uma análise detalhada sobre a criação da comunidade Quimper Village, nos Estados Unidos, e se tornou referência internacional para quem busca compreender o modelo de coabitação voltado ao envelhecimento ativo. A obra foi publicada no Brasil pela Ages Editorial e conta com 206 páginas. A tradução é da professora e pesquisadora Eunice R. Henriques.

Publicado em 2020, “O Estado da Arte em Cohousing” apresenta a experiência de Alexandria Levitt e Charles Durrett na criação da Quimper Village, comunidade planejada em Port Townsend (Washington) para idosos. A obra mostra o cohousing como alternativa inovadora ao envelhecimento populacional, detalhando o processo de concepção, projeto e construção, com participação ativa dos futuros moradores. Mais que relato arquitetônico, funciona como estudo de caso sobre como design participativo e gestão coletiva podem gerar ambientes saudáveis, inclusivos e sustentáveis.

Levitt e Durrett defendem que o cohousing é uma resposta concreta à solidão e ao isolamento que frequentemente acompanham a velhice. Ao compartilhar espaços e responsabilidades, os moradores de Quimper Village criaram uma rede de apoio que fortalece vínculos sociais e promove qualidade de vida. O livro enfatiza que o modelo pode ser replicado em diferentes contextos, inclusive no Brasil, onde o tema começa a ganhar relevância.

A publicação não se limita a descrever um projeto específico: ela aponta caminhos para políticas públicas e iniciativas privadas que desejem investir em moradias colaborativas. O cohousing, segundo os autores, é uma tendência mundial que alia sustentabilidade, inclusão e bem-estar. Ao trazer a experiência norte-americana para o público lusófono, o livro amplia o debate sobre alternativas habitacionais e inspira arquitetos, urbanistas e gestores sociais.

“O Estado da Arte em Cohousing” é mais do que um relato; é um guia prático e reflexivo sobre como comunidades podem ser construídas de forma participativa e solidária. Alexandria Levitt e Charles Durrett oferecem não apenas lições aprendidas, mas também uma visão de futuro em que envelhecer significa viver em coletividade, com dignidade e autonomia. Trata-se de uma obra essencial para quem busca compreender os rumos da habitação contemporânea.


Alexandria Levitt é gerontologista (University of Southern California, MSc) e ativista comunitária no sul da Califórnia. Por meio do seu trabalho com adultos de mais idade, ela é testemunha do impacto do isolamento social e, por isto mesmo, acha que essa determinação dos norte-americanos em morarem sozinhos em suas casas, sem a ajuda de ninguém, de fato, não é benéfica. Apesar de isto ir contra esse nosso lado “destemido”, o nosso engajamento com outras pessoas está ligado a um futuro feliz e saudável. Há várias formas de se conseguir isso, mas Levitt considera que as comunidades-cohousing são a solução mais progressista e emocionante.


Charles Durrett é arquiteto, autor e defensor de um tipo de design acessível, socialmente responsável e sustentável, que muito tem contribuído para a construção de comunidades-cohousing. Já projetou mais de cinquenta dessas comunidades na América do Norte e assessorou outras tantas pelo mundo afora. Ele é o arquiteto-chefe da empresa “McCamant and Durrett Archi tects”, situada na cidade de Nevada, na Califórnia. Seu trabalho já foi divulgado em várias publicações, tais como: Time Magazine, New York Times, LA Times, San Francisco Chronicle, The Guardian, Architecture, Architectural Record, Wall Street Journal e The Economist, entre tantas outras.


Eunice R. Henriques fez M.A. e Ph.D. na University of North Carolina (Chapel Hill, NC, USA). Professora e pesquisadora do Depto. de Linguística Aplicada, UNICAMP (Campinas, SP). Desenvolveu inúmeros trabalhos de pesquisa, orientação de teses e publicações na área de ensino, aprendizagem e aquisição de línguas, com destaque para estes, em revistas internacionais: O Japonês em Situação de Pseudo-Imersão: O Uso dos Pronomes Pessoais (The Japanese Language in Total Pseudo-Immersion Situation: the Use of Personal Pronouns), Revista Internacional de Língua Portuguesa, N°s 5-6, 1991, 45-52; “Learning and Teaching Styles in Foreign and Second Language Education”, with Richard M. Felder, Foreign Language Annals, 28, n° 1, 1995, 21-31. Traduziu, além deste, outro livro de Charles Durrett: Happily Ever Aftering in Cohousing/ Felix(es) para sempre em cohousing: um guia para workshop.

S. Barreto lança “As quatro estações” e marca seu espaço na literatura nacional


O escritor Saulo Barreto Lima lança mais uma obra de contos marcada pelo simbolismo e pela força narrativa: quatro histórias que dialogam entre o trágico e o absurdo, tendo como carro-chefe o relato pungente de uma ex-aristocrata que enfrenta a solidão e o abandono dos filhos em meio ao avanço de uma doença degenerativa. Com f
orte apelo simbólico com o número quatro, o livro é uma edição da UICLAP e conta com cerca de 220 páginas.

O carro chefe dessa edição fica por conta do excruciante conto que leva o nome do título do livro. Ele tem como tema central as desventuras de Dona Violeta uma senhora outrora aristocrata que, em meio a escalada de uma doença degenerativa mental, tem de viver com a negligência dos quatro filhos de temperamentos diferentes em quatro cidades diferentes.  A noção de desamparo é algo forte nessa narrativa. O esquecimento comum na senilidade de alguns acaba servindo como a potencialização da “pulsão de morte” ante ao apagamento recente do passado da memória.

Ilustrações que representam cada conto presentes na obra (Imagens geradas por IA através de prompts inspirados nas pinturas Paul Gustave Doré)

Os outros contos do livro marcam pela característica principal do autor Saulo Barreto Lima o cômico e o absurdo. São eles: “Reflexões de um garçom bom”; “Descrição de um corpo morto”; “Declaração Intergalática do Bilênio pela Vida e Paz entre os Humanos (Que Ainda Restam)”.

“Este livro é dedicado a todas as matriarcas e avós do mundo, em especial as minhas avós paterna e materna respectivamente, Elza Pires e Margarida Barreto. Duas figuras que pude conviver na minha infância ainda que de forma muito breve, muito por conta da atual modernidade; que cada vez mais tem suprimido a convivência com seus ascendentes das novas gerações até então integralmente preocupados somente com acúmulo indistinto de capital do que com a formação de uma família numerosa com interações intergeracionais, dentre outras coisas”, revela o autor.

Em um dos trechos mais arrebatadores, Dona Violeta é informada pelos filhos que não mais poderá permanecer no convívio familiar e que deveria ser deslocada a um lugar, segundo eles, mais “adequado” as suas necessidades.

Essa obra em específico, segundo o contista, é “um marco, pelo valor simbólico, afetivo e familiar e um indício do tom que tomará minhas produções daqui pra frente.” Ela também será especial porque marcará uma pausa de quatro anos para se dedicar de forma exclusiva para a sua tese de doutorado em Literatura. Depois desse hiato sua intenção é se dedicar a sua primeira de grande fôlego, um romance e depois um livro de ensaio.

O prefácio da obra ficou por conta do poeta e romancista Paulo Ricardo Geraldelli que em suas palavras finais arrematou: “Com uma prosa enérgica e criativa, este livro de contos é um dos raríssimos, nos dias de hoje, se é que existem, que sabem usar a literatura para o objetivo propriamente literário: ter como instrumento e essência a tensão entre o eu e o mundo, o bem e o mal. E, no caso do último conto, em que não há um eu e o mundo em conflito, há apenas o retrato de um conjunto de leis que personificam as tensões de vários eus diferentes, transmutadas numa utopia flagrante. Estas quatro histórias são uma pílula vermelha, carregadas de reflexões capazes de contrastar a sociedade dos tempos de hoje, obrigando ao leitor não um choque final como nos contos clássicos, mas a uma perplexidade moral e a um incômodo desde a primeira página.”


A capa é baseada na pintura “A estação Saint-Lazare”, de Claude Monet. A arte da capa ficou por conta do escritor, psicanalista e designer Wagner Teixeira (
https://www.instagram.com/wtpsicanalise/).

S. Barreto é um autor prolífico, atuando no campo da pesquisa, ensaios e biografias. No campo da ficção tem publicado os livros de contos: “Pecados Consolados” (2015, 2024); “Uma vida perfeita e outros contozinhos” (2019), “Absurdidades”, (2021), “O Circo e outros contos” (2ª ed., 2023); “Discursos Mudos” (2ª ed., 2023) além do livro de crônicas, “Escandescências” (2023).

Sua produção tem chamado atenção da comunidade acadêmica, tanto que ainda no ano de 2025 sua obra ficcional foi objeto de estudo através do artigo científico intitulado: “Entre o Absurdo e o Fantástico: o existencialismo niilista nos contos de S. Barreto”. 
E pensando em acessibilidade começou a publicar seus contos em formato de audiobook de forma gratuita, disponíveis em seu canal no YouTube (https://www.youtube.com/@saulobarreto7121).

As versões em e-book de todos os seus livros estão disponíveis na internet de forma gratuita. 
Link do livro impresso: https://a.co/d/coUGCOy 
Link da livraria com outros livros do autor: https://livros-sbarreto.renderforestsites.com/

Em livro, autores destacam a importância de preservar as memórias e as tradições de Vargem Grande


O livro “Nem te conto… História de Vargem Grande de 1700 a 1937”, dos escritores Clécio Coelho, Orlandina Roma e Benedito Coelho, faz um mergulho profundo nas raízes, personagens e acontecimentos que moldaram o município de Vargem Grande ao longo de mais de dois séculos. O lançamento oficial da obra aconteceu nesta última sexta-feira (28), no Salão Bodas de Ouro, em Vargem Grande (MA), e contou com a presença de amigos, admiradores e autoridades locais.


“Nem te conto… História de Vargem Grande de 1700 a 1937” apresenta e destaca a importância do registro histórico da cidade de Vargem Grande, no Maranhão, para compreender a sua trajetória, enquanto povo e município, preservando memórias que ajuda a entender quem foram e quem são os vargem-grandenses.

A obra transporta o leitor ao passado, desvendando a origem de uma cidade que começa a ganhar forma em 1700 e acompanha suas transformações até os finais de 1973. Com uma narrativa rica e detalhada, o livro mergulha nas origens, costumes, desafios e conquistas de gerações que moldaram a identidade desse lugar singular.


Nos discursos durante o evento de lançamento, os autores relataram as motivações que os levaram à criação da obra e enfatizaram a relevância de documentar histórias da região, que frequentemente são transmitidas apenas de forma oral. Eles também mencionaram que a obra compila relatos que apresentam personagens, costumes e acontecimentos significativos de Vargem Grande, servindo como um convite para que os habitantes da cidade e os leitores apreciem a importância das tradições e da vivência coletiva.


Com o livro, os autores reforçam o papel da literatura como instrumento de preservação cultural e de fortalecimento da identidade regional. Ao dar voz às histórias da cidade, eles contribuem para que Vargem Grande seja lembrada não apenas por seus aspectos geográficos, mas também por sua riqueza humana e cultural, reafirmando o poder da escrita em aproximar gerações e perpetuar memórias.


Clécio Coelho Nunes, mais conhecido como Prof. Clécio, nasceu no município de São Luís (MA) em 1972. É graduado em Geografia e possui Mestrado em Geografia, Natureza e Dinâmica do Espaço, ambos pela UEMA. Atua como professor da rede estadual de ensino do Maranhão e como professor de Geografia no Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IEMA, em Vargem Grande. Além disso, é membro efetivo e sócio fundador da Academia Vargem-grandense de Letras e Artes - AVLA, onde ocupa a cadeira de número 2, cujo patrono é o Tenente Coronel e Deputado Provincial Antônio Bernardino Ferreira Coelho.


Raimunda Orlandina Viana Roma nasceu em 1982 na cidade de Vargem Grande (MA). Filha de Olga de Abreu Viana Roma e de José de Ribamar Viana Roma (in memoriam), é graduada em Letras pela Universidade Federal do Maranhão e possui especialização em Língua Portuguesa, Recomposição da Aprendizagem no Contexto Digital, Neurociência da Educação e Educação Especial e Inclusiva. Hoje, é professora da rede pública de Vargem Grande, estando como orientadora de leitura na Biblioteca do Centro de Referência em Educação Integral Professor Newton Neves. Foi medalhista de bronze na Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa, na categoria Artigo de Opinião. É escritora, literata, coach de leitura e uma das autoras do livro “Nascedouro da Balaiada”.


Benedito de Jesus Coelho Nunes, conhecido por Prof. Biné, nasceu em Vargem Grande (MA) em 1958. É Graduado em Filosofia e cursou Pedagogia e Biblioteconomia na Universidade Federal do Maranhão. Cursou ainda Crédito e Finanças, na Universidade Federal da Paraíba e Direito na Universidade CEUMA. Possui Pós-Graduações Lato Sensu em Políticas Públicas e Programas Sociais, Filosofia Política na Universidade Federal do Maranhão, e Orientação Educacional, Supervisão e Gestão Escolar, pela Faculdade Santa Fé. Foi professor de escolas particulares e de cursos pré-vestibulares em São Luís, e de Filosofia na Educação Básica e Superior do Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão - CEFET/IFMA. Atualmente exerce o cargo de Chefe de Gabinete da Prefeitura de Vargem Grande e Analista Executivo/Técnico em Assuntos Educacionais - SEDUC-MA. Como escritor, publicou “Antes que as rosas murchem” (Ed. Libra, 1983) e “Ao Encontro do Sol” (Ed. Albatroz, 2016). É membro efetivo da Academia Barreirinhense de Letras, Artes e Ciências - ABLAC, e da Academia Vargem-grandense de Letras e Artes - AVLA.

USP abre 27ª Festa do Livro com expectativa de 50 mil visitantes até domingo


A 27ª Festa do Livro da USP começou nesta quarta (26) tem expectativa para receber um público de mais de 50 mil pessoas até o final da edição. Organizada pela Edusp desde 1999, a feira terá a participação inédita de cinco novas editoras, dentre elas a Darkside e a Rocco. O evento está acontecendo na Cidade Universitária e se estenderá até o dia 30 de novembro. Durante esses dias o Campus transforma-se em um corredor literário, onde mais de 250 mil títulos estão disponíveis aos visitantes.

Entre os estandes, o público encontrará editoras consagradas como Aleph, Intrínseca e Martins Fontes, além de cinco estreantes que marcam presença pela primeira vez: Ars et Vita, Darkside, Rocco, Seiva e Tabla. A diversidade é a marca registrada da festa: romances, quadrinhos, poesia, livros infantis e obras acadêmicas convivem lado a lado, compondo um mosaico que ultrapassa fronteiras entre o saber e o prazer da leitura.


Mas não é apenas a compra de livros que move os leitores até o Campus. Em paralelo, acontece a 1ª Semana do Livro e da Leitura da USP, organizada pela Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin em parceria com o SESC-SP. Mesas-redondas e encontros com autores como Ignácio de Loyola Brandão, Patrícia Campos Mello, Aline Bei e Cidinha da Silva ampliam o diálogo sobre políticas públicas de leitura e aproximam escritores de seus leitores.

A festa também se revela como um espaço democrático. Acessível a cadeirantes, deficientes auditivos e visuais, gratuita e aberta a todas as idades, a feira reafirma a leitura como prática coletiva. O transporte público facilita o acesso: ônibus circulares conectam as estações Butantã (Linha 4 - Amarela do metrô) e Cidade Universitária (Linha 9 - Esmeralda da CPTM) ao coração da feira. Assim, o evento se torna não apenas um ponto de encontro de editoras e leitores, mas também um símbolo de inclusão e pertencimento.


Ao caminhar pelos corredores da Cidade Universitária, os visitantes perceberão que a Festa do Livro da USP é mais do que uma feira: é uma celebração da memória e da imaginação. Cada título exposto carrega histórias que atravessam fronteiras e cada conversa entre autor e leitor reafirma a potência da palavra. Em sua 27ª edição, o evento se consolida como um ritual anual em que São Paulo se transforma em capital da leitura e da literatura.

Resenha - Saboroso Cadáver - Agustina Bazterrica


Livro:
Saboroso Cadáver
Autora: Agustina Bazterrica
Editora: Darkside Books
Ano: 2022
Páginas: 192
Gênero: Ficção
Classificação: 5/5 estrelas
Comprar: Ir para loja

Sobre a autora: Agustina Bazterrica nasceu em Buenos Aires em 1974. É formada em Artes (UBA). Em 2013 publicou o romance Matar a la Ninã, e em 2016 o volume de contos Antes del encuventro feroz (reeditado em 2020 como Diecinveve Garras y un pásaro oscuro). Saboroso Cadáver ganhou o premio novela de Clarin de 2017 e o Ladies of horror fection award como melhor romance de 2020. Bazterrica é organizadora e curadora cultural, trabalhando com pamela terliz; Prina no ciclo de arte ‘Siga al conejo Blanco’ e coordena oficinas de leitura com Agustina Caride. 

Resumo: Em um mundo devastado por um vírus mortal, onde todos os animais estiveram que ser sacrificados para não ameaçar a raça humana. O mundo vive sem caça, bichos de estimação e carne para consumo. Tentando resolver o problema de produção de carne, o governo decide a favor da venda de carne humana; mas sempre seguindo os padrões sanitários necessários. A carne é produzida em lugares especifico e eram escolhidas a dedo por Egmont, que gerencia um dos maiores distribuidores de carne da cidade, mesmo não sendo consumista e muito menos adepto a essa nova realidade. A vida de Egmont pode mudar após receber um presente inusitado; deixando-o a beira da loucura dentro desse novo mundo. 

Opinião: A distopia que possui esse livro é a mais bela que já li; me senti sendo transportada para essa realidade, o livro é viciante, muito explicativo; os detalhes que contem ele nos deixa ainda mais envolvida na historia. O personagem é bem construído, parece ser muito perseverante, apesar de tudo, mas quando o mundo muda é difícil não mudar junto com ele.

Nova adaptação de Frankenstein, na Netflix, traz versão diferente do clássico original de Mary Shelley


A nova adaptação de Frankenstein, dirigida por Guillermo del Toro e lançada pela Netflix, tem causado alvoroço entre críticos e fãs da literatura gótica. Longe de ser uma simples releitura do clássico de Mary Shelley, o filme propõe uma abordagem emocionalmente densa, substituindo o horror filosófico por um drama de paternidade marcado por culpa, abandono e redenção. A criatura, antes símbolo da arrogância científica, agora ganha contornos de um filho rejeitado, exigindo responsabilidade afetiva de seu criador.

Entre as mudanças mais notáveis está a motivação da Criatura. No romance original, ela responde à rejeição com uma onda de vingança indiscriminada. Já no longa de del Toro, o foco da dor e da raiva é direcionado quase exclusivamente a Victor Frankenstein. A narrativa se afasta da contabilidade de mortes e se aproxima da dor existencial de não pertencer, humanizando ainda mais o "monstro" e tornando-o mais empático que seu criador.

Outra inovação é a introdução de Heinrich Harlander, personagem inédito interpretado por Christoph Waltz. Ele atua como mentor e financiador das experiências de Victor, adicionando uma camada de crítica ao capitalismo e à exploração da ciência. Em contrapartida, personagens como Justine, fundamentais na obra original, têm sua participação reduzida ou eliminada, em favor de um foco mais íntimo no conflito entre Victor, a Criatura e a família Frankenstein.


A estrutura narrativa também foi alterada. Enquanto o livro utiliza uma narrativa em moldura, com múltiplos narradores, o filme concede à Criatura o protagonismo de sua própria história. Essa escolha dá voz ao ser criado, transformando a fábula científica em uma confissão emocional, iluminada por velas e marcada por dor e desejo de pertencimento.

A morte de Elizabeth, uma das cenas mais trágicas da história original, também ganha nova interpretação. No livro, ela é assassinada pela Criatura na noite de núpcias. No filme, porém, morre acidentalmente ao tentar impedir um confronto entre Victor e sua criação. A cena, embora menos violenta, é mais dolorosa, pois Elizabeth deixa de ser uma vítima passiva e se torna símbolo de empatia e humanidade.


Por fim, o desfecho da trama reflete a sensibilidade de del Toro. Em vez do pessimismo trágico de Shelley, o filme oferece uma reconciliação tardia entre criador e criatura. Victor pede perdão, a Criatura aceita, e o ciclo de dor é interrompido por uma escolha de vida. Del Toro não reescreve Shelley, mas a complementa com uma visão mais esperançosa — um Frankenstein que, contra todas as probabilidades, aprende a viver.

“Diário de Tremembé”, livro censurado pela justiça, voltou aos holofotes após ser citado em série do Prime Video


A série “Tremembé”, lançada pelo Prime Video em outubro deste ano, provocou uma onda de interesse por obras que retratam os bastidores da Penitenciária Doutor José Augusto César Salgado, conhecida como o “presídio dos famosos”. Entre elas, destaca-se o polêmico livro “Diário de Tremembé – O Presídio dos Famosos”, escrito pelo ex-prefeito e jornalista Acir Filló. A obra, banida pela Justiça em 2019, voltou à tona ao ser mencionada na trama, que mistura fatos reais e ficção para retratar a rotina de detentos célebres.


O livro de Filló foi escrito durante o período em que ele esteve preso por fraudes e desvio de recursos públicos. Nele, o autor relata conversas e episódios envolvendo figuras como Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos, Roger Abdelmassih e Suzane von Richthofen. As declarações atribuídas aos presos, como a negação de culpa por Nardoni e justificativas de Abdelmassih, foram consideradas pela Justiça como violações à privacidade e sem comprovação documental, o que motivou sua proibição.


Apesar da censura, o interesse pelo livro disparou após a estreia da série. Trechos da obra começaram a circular na internet, e o público passou a buscar formas alternativas de acesso. Paralelamente, o livro "Tremembé", de Ullisses Campbell, que também inspirou a produção audiovisual, subiu no ranking dos mais vendidos da Amazon, evidenciando o apetite do público por narrativas sobre o sistema prisional e seus personagens controversos.


A repercussão reacendeu o debate sobre os limites entre liberdade de expressão e o direito à privacidade. Enquanto defensores da obra alegam que ela oferece um olhar jornalístico sobre figuras públicas condenadas, críticos apontam que a exposição de falas não autorizadas pode causar danos irreparáveis. A Justiça paulista reafirma que a proibição não configura censura, mas sim uma medida de proteção à imagem dos detentos.

A presença do livro na série funciona como um elemento provocador, convidando o espectador a refletir sobre o que é documentado e o que é dramatizado. Mesmo fora de circulação oficial, "Diário de Tremembé" continua influenciando o imaginário coletivo e alimentando discussões sobre ética, memória e os bastidores de um dos presídios mais midiáticos do Brasil.

Resenha: Pedra, papel, tesoura - Alice Feeney


Livro: Pedra, papel, tesoura
Autora: Alice Feeney
Editora: Darkside Books
Ano: 2024
Páginas: 288
Gênero: Suspense
Classificação: 4/5 estrelas
Comprar: Ir para loja

Sobre a autora: Alice Feeney é autora e jornalista best-seller do New York Times. Seu romance de estreia, “Sometimes I Lie”, foi um best-seller internacional traduzido para mais de vinte idioma e esta sendo transformada em uma série de TV, estrelada por Sarah Michelle Geller. “His e Hers” também está sendo adaptado para o cinema, pela Feckle Films, de Jessica Chastain. Alice foi jornalista da BBC durante quinze anos.

Resumo: Adam é um famoso roteirista casado com Amélia, uma mulher bondosa e que trabalha em um abrigo para cães. O casal está há 10 anos juntos, tendo um começo de relacionamento difícil, onde o sonho de Adam em ser roteirista reconhecido era apenas uma mera ilusão. Mesmo depois de conseguir todo sucesso em sua carreira e sempre ter o apoio de sua esposa, o casamento não parecia estar bem. Amélia ganha uma viagem para um lugar lindo, frio e silencioso, e decide que irá usar este prêmio para recuperar os laços com seu marido e tentar salvar seu casamento. Mas o lugar para onde estão indo não é bem como imaginavam; os dias e noites serão estranhos e assustadores. O ambiente irá revelar segredos e o matrimônio será posto à prova.

Opinião: “Pedra, papel, tesoura” é um livro bem elaborado, com capítulos bem distribuídos e uma linguagem bem desenvolvida. O enredo é envolvente e o suspense te prende até a última página. A historia é assustadora, cheia de plot e te deixa com agonia para saber os próximos passos dos personagens.

“A cura pelos caminhos da poesia”, de Sidroniosa Pinheiro, propõe jornada de autoconhecimento e resiliência


O livro “A cura pelos caminhos da poesia”, da escritora Sidroniosa Pinheiro, reúne versos sensíveis e reflexivos, e propõe uma jornada de autoconhecimento e superação por meio da arte poética. A obra é uma edição da Editora Vecchio e foi lançada em novembro de 2024 na Casa da Poesia, em Petrolina (PE). O evento contou com a presença de leitores, artistas locais e admiradores da autora.

“A cura pelos caminhos da poesia é um encontro sobre o olhar poético, convidando-nos a uma reforma íntima às novas posturas diante da vida equivocada, que estamos todos a viver. Faz-se urgente uma reforma de pensar e agir para nos transformar. Sem pretensão alguma, mas apenas com uma vontade enorme de me ver, ver você e o mundo melhor, é que pelos caminhos da poesia, escrevi este livro abraçando a esperança de que chegue para os leitores esta sede de vida de nos transformar, para que de verdade, a vida nos retribua com dias cheios de paz”, escreve a autora na contracapa do livro.

Neste novo trabalho, a poeta traz uma coletânea de poemas que abordam temas como dor, esperança, fé e resiliência. A autora acredita que a poesia pode ser um instrumento terapêutico, capaz de tocar o íntimo do leitor e promover curas emocionais. O livro se destaca não apenas pelo conteúdo lírico, mas também pelo projeto gráfico, que valoriza a estética e a sensibilidade do texto. Alguns poemas são acompanhados por ilustrações sutis que dialogam com os sentimentos evocados nas palavras.

Sidroniosa Pinheiro, também conhecida como Sitapoeta, possui pós-graduação em Andragogia Pedagógica e Terapeuta Holística. Também é estudante de autoconhecimento há trinta e nove anos. Tem vários livros publicados e participação em quatro antologias. Amante da arte e da cultura, busca fazer de cada dia uma celebração em ler e escrever e compartilhar em versos muitas de suas ações poéticas.

Resenha: A Empregada - Freida Mcfadden


Livro: A Empregada
Autora: Freida Mcfadden
Ano: 2023
Páginas: 304
Gênero: Ficção Inglesa
Editora: Arqueiro
Classificação: 5/5 estrelas
Comprar: Clique aqui

Sobre a autora: Freida Mcfadden é uma médica especialista em lesões cerebrais, com mais de 20 livros publicados, entre suspenses psicológicos e romances médicos. Com a empregada, que já vendeu 3 milhões de exemplares e teve os direitos negociados em 36 países, Freida chegou ao topo da lista de mais vendidos. Mora com a família e seu gato preto em uma casa de três andares centenária, cujos degraus ranger a cada passo e onde ninguém ouve se você gritar. A não ser, talvez, que grite muito, muito alto. 

Resumo: Millie é uma mulher que está passando por uma fase difícil; depois de ter saído da prisão não consegue  emprego em nenhum lugar e sem dinheiro começa a morar no seu próprio carro. Passa por várias entrevistas de emprego sem esperança de conseguir algum trabalho. Em um certo dia recebe uma ligação inesperada com resposta de uma de suas entrevistas. Foi contratada para trabalhar na casa da família Winchester; sabendo que teria um emprego e que poderia morar na casa da família, começou   sentir que sua vida estava melhorando. Millie faz um excelente trabalho como empregada, mas começa a perceber que sua patroa Nina Winchester começa a mudar seu comportamento com ela, fazendo Millie desconfiar e descobrir segredos da família para qual trabalha. Ao longo da história a empregada acaba se envolvendo em uma trama perigosa.

Opinião: A história é bem elaborada; a construção do enredo é perfeita e hipnotizante, todos os capítulos te prende e não deixam você parar de ler até descobrir o final. Mas por mais que leia e faça várias suposições, o fim da história é tão impressionante que além de te chocar, te deixa surpresa por não conseguir descobrir antes.

“Segredos da Fênix” renasce em edição bilíngue e celebra o erotismo poético do espanhol Saturnino Valladares


Nesta última quinta-feira (28) o Salão de Eventos da Valer Teatro, em Manaus, foi palco para o lançamento da segunda edição do livro “Segredos da Fênix”, do poeta espanhol Saturnino Valladares. A obra, publicada pela Editora Valer, chega em versão bilíngue (espanhol-português) e conta com tradução do escritor amazonense Zemaria Pinto. O evento de lançamento contou com a presença de amantes da poesia e da literatura erótica.

A fênix, ave mitológica que renasce das próprias cinzas, é o símbolo central da obra. Valladares utiliza essa figura como metáfora do erotismo, explorando o ciclo amoroso como uma experiência contínua de renascimento. Em seus poemas, o encontro entre corpos e almas transcende o tempo, confundindo início e fim em uma espiral de desejo e transformação. A proposta lírica do autor convida o leitor a enxergar o amor como um rito de passagem, onde cada clímax é uma nova alvorada.

Segundo Neiza Teixeira, coordenadora editorial da Valer, a tradução de Zemaria Pinto preserva a força poética e o erotismo sutil do original. A edição é enriquecida com estudos críticos de Tenório Telles e Celso Medina, que aprofundam as camadas simbólicas e intertextuais da obra. A capa, criada por Otoni Mesquita, dialoga visualmente com a poética da transfiguração amorosa, enquanto Claudio Rodríguez Fer presta uma homenagem ao autor com um texto germinal e proteico.

O poeta e ensaísta Tenório Telles destaca que esta nova edição representa o renascimento da obra, tal qual a ave vermelha que lhe dá nome. Para ele, Zemaria Pinto imprime à tradução os sabores, os cheiros e os mitos da Amazônia, tornando Valladares um “poeta daqui”, irmão de verbo e de paisagem. Já Zemaria, que também assina a orelha do livro, vê na fênix uma alegoria das transições da vida, embora ressalte que o foco da obra está no erotismo como fio condutor da lírica.


Saturnino Valladares é doutor em Literatura Espanhola pela Universidade de Santiago de Compostela e professor da Universidade Federal do Amazonas. Possui cinco livros de poesias publicados: “Las almendras amargas”, “Cenizas”, “Secretos del Fénix”, “Los días azules” e “Vaga-lumes ao meio-dia”. Possui presença em diversas antologias internacionais, além de ter se destacado como tradutor e curador da coleção “Cima del canto”, que introduz poetas espanhóis contemporâneos ao público brasileiro. Sua atuação literária tem sido fundamental para o intercâmbio cultural entre Brasil e Espanha. Pela Editora Valer publicou, em edição bilíngue, os livros de poemas “Segredos da Fênix” (2017; 2 ed., 2025) e “Vaga-lumes ao meio-dia” (2020; 2.ª ed., 2023).


Zemaria Pinto, por sua vez, é um dos nomes mais prolíficos da literatura amazonense. Com 29 livros publicados em diversos gêneros, incluindo poesia, teatro e literatura infantojuvenil, ele também é dramaturgo, ensaísta e membro da Academia Amazonense de Letras, ocupando a cadeira 27. Além disso, é graduado em Economia, especialista em Literatura Brasileira e mestre em Estudos Literários, todos pela UFAM. Também é membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, onde inaugurou a cadeira 59. Sua tradução de “Segredos da Fênix” reafirma seu compromisso com a literatura como ponte entre mundos e vozes

A Festa de Mulundús de 1923, de Firmino Teixeira do Amaral: Um retrato poético de devoção e alegria popular


A obra “A Festa de S. Raymundo Nonato dos Mulundús de 1923”, de Firmino Teixeira do Amaral, é um livro de cordel de 1924 publicado pela antiga Typogravura Teixeira, de São Luís (MA). A obra é uma testemunha da celebração religiosa e cultural, que marcou o imaginário popular do interior maranhense. Com versos rimados e linguagem coloquial, o autor narra com entusiasmo os acontecimentos da festa de São Raimundo Nonato dos Mulundús do ano de 1923, exaltando a fé dos romeiros, a fartura econômica e a efervescência social que transformou a comunidade Mulundús em um verdadeiro polo de encontro entre tradição e modernidade.

Mais do que uma simples crônica festiva, o cordel revela os contrastes e as nuances da vida sertaneja: o sertanejo abastado que chega com comboios de produtos, o matuto que busca a bênção e a donzela, os botequins e bailes que rivalizam com a igreja. Na obra, Firmino constrói um mosaico de vozes e experiências que eterniza a festa como um momento de comunhão, prosperidade e identidade regional. Preservado pela Biblioteca de Obras Raras Átila Almeida (Universidade Estadual da Paraíba - UEPB), em Campina Grande, o cordel é, ao mesmo tempo, um documento histórico e uma celebração poética da alma nordestina.
 
Firmino Teixeira do Amaral (1896–1926) foi um poeta e jornalista piauiense, nascido em Bezerro Morto. Trabalhou como seringueiro e tipógrafo em Belém do Pará. Destacou-se na Editora Guajarina, criando o gênero "trava-língua" e escrevendo sobre a cultura nordestina. Sua obra mais famosa é "A Peleja de Cego Aderaldo com Zé Pretinho do Tucum", adaptada para música por Nara Leão e João do Vale, em 1964. Firmino faleceu jovem, aos 30 anos, deixando um legado importante na poesia popular brasileira.
 
Confira o cordel completo na íntegra:
 
Salve! 22 de Agosto
Gloria dos Mulundús
Data que começa a festa
Que a todo mundo sedúz
Lá S. Raymundo Nonato
Recebe o romeiro grato
Que sua promessa condúz.

Salve! dacta referida
Vinte e dois do mez de Agosto
Bate nos peitos dizendo
Velhos caducos sem gosto
Para mim só S. Raymundo
Uma festa que todo mundo
Quanto mais vai mais tem gosto.

Esta gloriosa festa
Escrevo a terceira vez
De S. Raymundo Nonato
Do anno de vinte tres
Apesar de não ter ido
Não me sahiu do sentido
O vinte e dois desse mez.

Um dos piratas me disse
Tudo que passou-se alli
Eu como já conheço
Fiz pontuação aqui
Como tenho os olhos abertos
O mundo é dos mais espertos
Cada qual puxa pra si.

No anno passado a festa
Teve um grande movimento
De cinema e botequins
Bailes, hoteis e cazamento
O algodão deu dinheiro
Couro de bode e carneiro
Todo pato tinha o vento.
 
Quem nunca viu dez mil réis
Brincou com nota de cem
O jogador arrumou-se
O ambulante tambem
Botou bucha o joalheiro
O pato tendo dinheiro
O pirata tombem tem.

Um afanador me disse
Muluudús foi rio de mina
Porem como em vinte e tres
Nunca vi tanta menina
Muitos nem foram á egreja
Bebendo vinho e cerveja
No baile do ponta-fina.

Com a alta do algodão
E a do côco babassú
Todo pato criou penna
E vestiu todo urubú
Se tinha sonho verdadeiro
Com o fogo do dinheiro,
Cazou-se no Mulundú.

Ai! se Deus fizesse um anno
Dois ou tres de mez de Agosto
Alli não se vê tristeza
Tudo vadeia com gosto
Dinheiro alli não tem dono
Nem a mocidade somno
Nem namorado desgosto.

Tudo alli tem com bondade
Café bom, dôce e o queijo
Dono de hotel se arranja
Botequins faz seu manejo
Barbeiro alli bota bucha
Rapariga dansa e luxa
A custa do sertanejo.

Quem assistiu vinte tres
Dirá melhor do que eu
O ponta-fina alimpou-se
Nos ricos bailes que deu
Quem foi lá repare e note
Nem se falIa no Themoteo
Parece que já morreu.

Se Themotheo era um dos dunga
Da secção de brincadeira
Era o homem mais fallado
Alli daquella ribeira
Me disseram em Therezina
Que o baile do ponta-fina
Já lhe cortou a carreira.

Me disse uma rapariga
Que um mez inteiro chorou
Com penna do ponta-fina
E dum chodó que deixou
E jurou por esta luz
Eu só vou a Mulundús
Pela paixão que ficou.

Outra me disse a verdade
Fallou no bom portuguez
Nos Muluudús nunca teve
Festa como em vinte tres
Rapariga botou manto
Duzentos, duzentos e tanto
A mais ratuina fez.

Assim foi muito occorrida
De toda parte veio gente
Uns para pagar promessa
Outros a festa somente
Tudo al1i parece irmão
Uma completa união
Tudo risonho e contente.
 
Vem de cem legoas distante
O sertanejo abastado
Com grande comboio de fumo
Corona, sella e calçado
Requeijão e rapadura
Tudo alli tem com fartura
Tudo alli é felizardo.

De toda parte veio gente
Suas promessas pagar
Outras para conhecerem
Que a tempo ouvia falar
Quem vae a primeira vez
Vai uma duas ou tres
Ou nunca mais perderá.

Vem lá do centro da matta
A trigueirinha batuta
Que para pagar promessa
Passou o anuo na lucta
Gorda faceira e Iustroza
Faces lindas côr de rosa
Que nem parece matuta.

Vem o matuto roceiro
Num bom cavallo de sella
Com um rifle a tiracol
Um cinturão com fivella
Mas antes de se benzer
Primeiro vai conhecer
A rifinha da donzela.

Outros quando vão chegando
Primeiro vão á igreja
Para beijar o santo altar
Que a muito tempo deseja
Vindo de longa viagem
Rendendo grande homenagem
Ao santo que se festeja.

Quem nunca assistiu a festa
Tem desejo e vontade
De conhecer Mulundús
Festa rica sem bondade
Pelo boato que vejo
Todo mundo tem desejo
De conhecer a verdade.

A festa de S. Raymundo
Fica central e distante
Mais apezar disso tudo
E' rica bella e galante
Gabada por todo mundo
A festa de S. Raymundo
E' a mais interessante.

E' a festa mais fallada
Do Estado de S. Luiz
E' o santo mais milagroso
Assim todo mundo diz
E' dizer de todo mundo
Quem se pega com S. Raymundo
Pode-se julgar feliz.

Série “Dias Perfeitos” estreia no Globoplay com suspense psicológico e elenco de peso

Foto: Lorena Zschaber (Reprodução/Globoplay)

A aguardada adaptação do livro “Dias Perfeitos”, de Raphael Montes, chega ao Globoplay nesta quinta-feira, 14 de agosto, prometendo prender o público com uma trama sombria e provocadora. A série, dividida em oito episódios, acompanha a obsessiva relação entre Téo (Jaffar Bambirra) e Clarice (Julia Dalavia). Após ser rejeitado, Téo decide sequestrar Clarice e embarca com ela em uma viagem pelas paisagens do Rio de Janeiro, acreditando que, com o tempo, ela corresponderá aos seus sentimentos.

Além dos protagonistas, o elenco reúne nomes como Debora Bloch, Fabiula Nascimento, Julianna Gerais, Elzio Vieira, Felipe Camargo e Giovanni Venturini. A série dá destaque a personagens secundários como Laura (Julianna Gerais), melhor amiga de Clarice e militante feminista, e Breno (Elzio Vieira), violinista envolvido com a protagonista. Helena (Fabiula Nascimento), mãe de Clarice, é uma advogada elitista que enxerga Téo como o genro ideal, enquanto Patrícia (Debora Bloch), mãe de Téo, vive uma relação doentia com o filho.

A adaptação traz diferenças significativas em relação ao romance original. A principal delas é a inclusão do ponto de vista de Clarice, oferecendo ao público uma narrativa mais equilibrada e profunda. Téo, que no livro é retratado como um homem comum, aparece na série com traços mais evidentes de psicopatia e um histórico criminal ampliado. Além disso, o final da série é inédito, funcionando como uma “faixa bônus” que complementa a obra literária.

Autor do best-seller lançado em 2014, Raphael Montes se emocionou ao assistir aos primeiros episódios da série. “Fiquei tão emocionado. Eu era um moleque de 23 anos quando escrevi esse livro. Foi o primeiro que estourou e me permitiu virar escritor”, revelou durante entrevista ao gshow. Nascido no Rio de Janeiro, Montes é conhecido por suas tramas de suspense e terror, com obras como “Suicidas” (2012), “O Vilarejo” (2015), “Bom Dia, Verônica” (2016) e “Jantar Secreto” (2016). Com a adaptação de Dias Perfeitos, ele reafirma sua presença no audiovisual brasileiro, agora como criador de uma das séries mais aguardadas do ano.

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