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Literatura e memória: Em podcast, Saulo Barreto faz um mergulho na arte de escrever e na pesquisa histórica

Durante entrevista em podcat do canal Hipertexto, o poeta e filósofo Rogério Rocha promoveu um bate-papo enriquecedor com o escritor e pesqu...

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Célicas lembranças - Anderson Lima


Hoje acordei com o toque do sino que parecia penetrar minha alma. O soar dos sinos nos remete à oração, conecta-nos conscientemente ao sagrado e enche o coração da gente de célicos sentimentos. Uma borboleta apareceu na minha janela e fez-se céu no meu dia nublado e frio. Era uma borboleta solitária, daqui da janela ela voou para as flores que enfeitam o claustro. Viver na clausura é desdobrar-se constantemente para uma vida de oração, trabalho e sacrifício.

Choramos quando descobrimos uma doença, e sorrimos esperançosos quando aprendemos a conviver com ela. Assim é a dor, ela vem como porta de entrada par um caminho que parece não ter volta, mas tem. Carlos Drummond de Andrade dizia que a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Refletir sobre a dor e o sofrimento é lançar um olhar profundo sobre o autoconhecimento e a autoaceitação, é respeitar o nosso corpo como algo sagrado.

Conheci uma mulher que estava sempre alegre, apesar de seu sofrimento, ela morreu sorrindo. Fiquei impressionado com a força que ela tinha mesmo estando debilitada e sofrendo com uma doença. Ela me ensinou que para conseguirmos vencer algo que seja maior do que nós só mesmo sorrindo. Porque uma alma feliz é morada de Deus. Transformar o sofrimento em expiação, oferecendo tudo por amor. Nesse intervalo da vida entre a alegria e a morte o que essa forte mulher me ensinou foi muito mais que ser alegre, ela ressignificou com a própria vida as suas muitas dores em flores. No leito de seu sofrimento ela deu amor, colo aos filhos e netos, e sorriu até os últimos momentos.

Essa incrível mulher que quis na sua existência imitar Maria, iluminou muitas vidas com sua luz e suas cores e a minha vida é uma delas. Dona Esmelina, minha querida avó, no nome e na vida sempre foi flor. Nosso Senhor a levou para florir lá no céu.

Aqui no silêncio do claustro, entre as borboletas e as lembranças de minha avó o sol do meio-dia se vai, alguns medos e gélidas tristezas também, mas as flores e a saudade são partes de mim. Os sinos despertam em nós sentimentos afáveis e anunciam que a nossa morada é no céu.

Um coração compassivo - Anderson Lima

"Jesus chamou seus discípulos e disse: ‘tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e nada tem para comer. Não quero manda-la embora com fome, para não desmaiarem pelo caminho...". (Mt 15, 32)

Nesse trecho do Evangelho de São Mateus, Jesus, tem compaixão daquele povo que o seguia e que estava com fome. Existem alguns momentos em que precisamos ser compassivos com o próximo, e principalmente com aqueles que caminham conosco. A Palavra de Deus nos ensina que os sentimentos da misericórdia e compaixão devem sempre fazer parte de nossa vida para que assim possamos dar testemunho da presença de Deus em nosso meio.

COMPAIXÃO, não é sentir pelo outro, mas sentir com o outro. É quando a gente lê o roteiro de outra vida. É ser ator em outro palco. É compreender. É não dizer: "eu sei como tu te sentes". É quando a gente não diminui a dor do outro. É descer até o fundo do poço e fazer companhia para quem precisa. Não é simplesmente ser herói, é ser amigo. É saber beijar a alma do outro.

Ao refletir sobre essa particular atitude de Jesus, recordo como há pessoas incríveis em nossa vida e que têm um coração repleto de bons sentimentos, sobretudo, compaixão. Lembro-me de uma tarde de domingo que logo após o almoço fui com alguns irmãos subir as montanhas que cercam o mosteiro. Na subida para o Monte Carmelo fomos alegres, conversando e louvando a Deus pelas lindas paisagens que encantaram não somente nossos olhos, como também o coração. Pegamos caminhos desconhecidos e empolgantes, foi uma verdadeira aventura. O sol começava a se esconder, os pássaros já não cantavam, no entanto, a beleza permanecia intacta. Foi na volta para o mosteiro que o inesperado aconteceu. O meu corpo nunca foi acostumado com aventuras desse tipo, meu físico andava muito despreparado e o primeiro sinal veio das pernas, o meu joelho esquerdo atrofiou-se e imediatamente senti muitas dores, já não conseguia da continuidade andando, os irmãos improvisaram uma muleta, mas não adiantou.

O noviço, Ir. Fábio, que já tinha experiência de sobra e conhece bem os segredos das montanhas me carregou nos ombros com a ajuda do Ir. Juan María, assim conseguimos chegar mais próximos do mosteiro. O que me surpreendeu foi a capacidade desses irmãos cheios de gentilezas e compaixão. 

Compartilho esse fato porque infelizmente nos dias de hoje ser compassivo e gentil é raridade e exceção, visto que muitas pessoas não compreendem e não estão dispostas a sofrer com o outro. A compaixão é um valor que além de ser entendida deve ser praticada. Os irmãos Fábio e Juan, sem dúvida, não só entenderam o gesto descrito por São Mateus como imprimiram em suas vidas pelo exercício da cordialidade e afabilidade. 

Cecília Meireles, um dia recordando a importância das pessoas gentis que passaram por sua vida, escreveu: "existem pessoas que nos falam e nem as escutamos, existem pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre". São pessoas revestidas de luz, embora tenham também suas dores, porém estão sempre disponíveis para ajudar e até carregar nos braços quem precisar. São pessoas que merecem o que de mais bonito a vida tem a oferecê-las. 

Minha prece a Deus por essas pessoas amigas e repletas de compaixão é que acima de tudo elas não se esqueçam de ser doce e que seus pés sempre se lembrem do caminho que dá para a felicidade. Que a maldade do mundo jamais amargue os seus corações, mas que o sol dos seus sorrisos continue a quem vê iluminar. Que ao caminharem por aí, mesmo subindo montanhas, exalem compaixão, e jamais esqueçam de que um coração compassivo é reflexo do amor de Deus.

Mãos Calejadas - Anderson Lima


A mão possui um símbolo significativo na Sagrada Escritura. É um simbolismo de atividade, potência e domínio.

No Evangelho de São Marcos, JESUS cura um homem que tinha a mão seca. “Levanta-te e vem para o meio [...] Estende tua mão. Ele estendeu a mão e a mão ficou curada” (Mc 3, 3-5). O encontro de JESUS com o homem da mão seca revela-nos um momento de suavidade que significou a libertação e o contato profundo de afeto que transformou a vida daquele homem.

Compartilho esse trecho do evangelho porque nos faz refletir as muitas mãos que entram em nossa vida e têm a capacidade de mudar a direção e o rumo de nossos objetivos, e pra melhor; para poder qualificar a nossa maneira de viver. Esse acontecimento de Nosso Senhor com o homem que tinha a mão seca significa o encontro com todos nós que vez ou outra estamos de “mãos calejadas” por alguma circunstância.

Há algumas situações em nossa existência que nos deixam de “mãos atadas”, calejadas e até impossibilitadas. É aquele passado, aquela situação conflituosa que não conseguimos perdoar. Às vezes, tentamos enfrentar, mas os calos, os conflitos nos perturbam noite e dia. Muitas vezes parece que fizemos um pacto com o passado e não conseguimos viver o presente. Não conseguimos nos perdoar, muito menos perdoar aquela pessoa, isto é, vivemos de mãos atadas.

É por essa razão que o projeto de DEUS é libertação, pois ELE quer que olhemos para nós mesmos e internalizemos: “Eu tenho capacidade, potencial, possibilidade de criar e construir, de refazer e principalmente de ressignificar a minha vida e a minha história”. Portanto, pare de ficar preso ao passado que te atormenta e que te impede de dar passos significativos em prol da tua libertação, para que tu vivas com mais qualidade. Viver com qualidade nada mais é do que viver por CRISTO, com CRISTO e em CRISTO.

Está faltando o que? Perdão? Pois chegou o momento! Pare de adiar a experiência de perdoar. Fala-se muito sobre visão, audição, paladar e o olfato, porém existe tão pouco na literatura algo relacionado ao tato. Pelo olhar até pode começar o amor, mas amores que ficam só no olhar não se constituem. Ouvir o outro à distância, pelo telefone, ou por outros meios é interessante para um começo de relação, mas o amor necessita de presença, de tato, de toque, de mão, de existência, de uma presença significativa e transformadora. O tato é aquele sentido que demarca no nosso corpo a experiência do amor, mas também da tragédia. É através das nossas mãos que podemos oferecer amor, carinho e afeto. No entanto, é das nossas mãos também se não tivermos equilíbrio podemos oferecer ofensa, tortura e violência.

Das nossas mãos depende o mundo! Das nossas mãos depende o futuro da nossa família! Das nossas mãos depende aquilo que vamos fazer com nossa vocação. São as nossas mãos que nos darão condições de traçar uma vida e um futuro diferente.

DEUS quer a libertação das nossas mãos. Quer que nos responsabilizemos pelos nossos atos e por nossas falhas. Para crescer e amadurecermos é preciso que reconheçamos nossos pecados e paremos de “lavar as mãos”, de esconder nossas fraquezas e erros debaixo do tapete.

É certo que tem vezes que nos atrapalhamos sim, que “metemos os pés pelas mãos”, porém é muito importante que tenhamos discernimento para conduzir nossa história e fazer a Vontade de DEUS.

Vença esse complexo de que você só será valorizado quando o outro começar a expressar algum tipo de carinho pela sua pessoa. Liberte-se! “Estende a tua mão”! Saia desse atrofiamento. Pare de “lavar as mãos” diante dos outros e dos seus problemas. Responsabilize-se pela sua vida, pela sua vocação.

Comece a olhar com mais carinho e mais amor para você mesmo. Coloque os seus projetos e sonhos nas mãos de DEUS, pois que nossa oração seja como canta o salmista: “A mão direita do SENHOR fez maravilhas, a mão direita do SENHOR me levantou...” (Sl 117).

De Coração Para CORAÇÃO - Anderson Lima

Coração que não descansa no CORAÇÃO de DEUS é perigoso. Bagunça a alma da gente. Atrapalha o contexto belo da espiritualidade. Obstrui o caminho da fé que nos permite fazer comunhão com a sabedoria divina.

Coração que não descansa no CORAÇÃO de DEUS pula, incansável, em nossa alma e nos deixa desconfiados. Grita e esperneia dentro de nós. Encegueira nossos olhos, abafa a nossa fé, esconde o nosso Sol.

Coração que não descansa no CORAÇÃO de DEUS anoitece nossas esperanças mais bonitas na vida, apaga o brilho dourado das nossas estrelas e empalidece as flores do nosso rosário.

Coração que não descansa no CORAÇÃO de DEUS voa para tudo o que é canto a procura de repouso. Deixar o coração descansar em DEUS é a melhor maneira de encontrar o AMOR.

A Casca Dourada E Inútil Das Horas - Anderson Lima

"Nada em mim está pronto, dado de antemão, acabado. Tudo em mim se encontra por fazer, assim construo e reconstruo a existência, repetindo sem passividade, mas tudo como fonte de eternidade." Søren Aabye Kierkegaard  

A dinâmica da vida é incrível, rebuscada de beleza e sabedoria, o ser humano protagonista da existência e dotado de sentidos e não se acostumando com a passagem monótona dos dias, reinventa-se e inventa as horas e os ponteiros.   

Como sabemos, há duas formas de medir o tempo, uma delas foi inventada pelos homens que amavam os números e os cálculos matemáticos, e o chamaram de Chronos. A outra foi inventada pelos poetas-filósofos que sabiam que a vida não podia ser apreciada por números, calendários e batidas do relógio. E o definiram como Kairós. Para quem tem olhos e alma de poeta a vida só pode ser medida com afeto e pelas artérias do coração, com gestos de amor. 

Na mitologia o tempo é explicado pela figura de dois deuses: Chronos e Kairós. Chronos é o cronômetro, a lógica dos números e dos ponteiros do relógio. O tempo é o medidor de nossas angústias, ele transforma tudo em suavidade ou em furacão. Chronos é o tempo estimável, cronometrado pelo relógio, caracterizando a defluência dos dias e das noites, das estações do ano, a passagem de um ano a outro. O tempo cronológico é opressor e a cada ciclo nos apresenta a dinâmica da finitude. Por ser matemátizado, Chronos nos remete à racionalidade, às coisas palpáveis e superficiais.   

O Kairós destaca-se do Chronos. Kairós é o momento eterno no tempo, aqui o tempo é um fruto que pode ser degustado, é belo, é colorido, é perfumado. É o tempo que marca o amor pelas batidas do coração, a quebra da rotina da temporalidade, quando vivido com intensidade, transforma tudo o que é efêmero e transitório em eternidade.   

Fernando Pessoa, um dia pensando sobre o tempo escreveu: "há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." A vida, assim como, a poesia, é realidade que transcende o Chronos e se renova no Kairós.   

Para o filósofo grego, Heráclito, não é possível entrar duas vezes no mesmo rio; pois as águas sempre estão em constante movimento. Para ele tudo é movimento, "devir". Assim é a vida, tempo que se reinventa sem parar. Portanto, "Carpe Diem", aproveite o dia, pois o tempo é curto demais pra quem precisa dele, mas para quem ama ele dura para sempre.   

Por conseguinte, pensando em nossa realidade, na correria do mundo atual, o que vem em meu coração é um sentimento desagradável, uma sensação de está preso, acorrentado ao Chronos, aos milésimos e minutos do relógio e perdendo a motivação de experienciar, de viver o tempo da graça, do encontro com a alegria e a beleza da simplicidade.   

As pessoas desprovidas de sensibilidade passam com o tempo, são devoradas pelo Chronos, uma pena, mas passam. Muitas já passaram, foram-se com os ponteiros do relógio, o tempo encarregou-se de levá-las. O Kairós não tolera superficialidades. Sejamos sábios, saboreadores da vida, pois ela, (a vida) não é para ser medida pelos segundos e milésimos, é para ser saboreada com tranquilidade.   

Que mesmo nos atropelos do dia a dia a gente possa encontrar tempo para amar, para exercitar a gentileza, para florir de coisas boas a vida dos que caminham conosco, sem agendar. Que aprendamos todos os dias a sintonizar a nossa frequência com a música da felicidade. Da afabilidade, da esperança. Da fé. Do ímpeto que as pessoas agradáveis fazem fluir dentro da gente.  Porque a vida só é possível reinventada, reincidida todos os dias.

Assim sendo, como disse Mário Quintana: "Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas. Não deixe de fazer algo que gosta, devido a falta de tempo, pois a única falta que terá será desse tempo que infelizmente não voltará mais."

Poema: O Coração do Padre - Anderson Lima

O padre é um amante de Deus,
O padre é um amante dos homens,
O padre é um homem santo porque ele caminha ante a face do Santíssimo.
O padre tudo entende;
O padre tudo perdoa;
O padre tudo abarca.
O coração do padre é perfurado, como o de Cristo, com a lança do amor.
O coração do padre é aberto, como o de Cristo, para que todo mundo entre e adentre.
O coração do padre é um vaso de compaixão;
O coração do padre é um cálice de amor,
O coração do padre é o ponto de encontro do amor humano e divino.
O padre é um homem cuja meta é ser outro Cristo;
O padre é um homem que vive para servir.
O padre é um homem que se crucificou, para que assim elevado ele atraia tudo para Cristo.
O padre é um homem apaixonado por Deus.
O padre é o presente de Deus para o homem e do homem para Deus.
O padre é o símbolo do Verbo feito carne;
O padre é a espada una da justiça de Deus;
O padre é a mão da misericórdia de Deus;
O padre é o reflexo do amor de Deus.
Nada, nada pode ser maior neste mundo do que um padre, nada. Exceto o próprio Deus.

Reeducação espiritual - Anderson Lima

Charles Ethan Porter - óleo sobre tela - 1883

A alma da gente deve se alimentar da beleza sacramental. E não da feiura do pecado. Porque o pecado engorda e nos deixa cada vez mais pesados. A beleza do sacramento da confissão, pelo contrário, nos deixa mais leves.

Os santos vivenciaram a imensa leveza da graça de Deus e por isso foram belos e não se conformaram com a feiura do pecado. Santo Agostinho, antes de sua conversão, pecou, engordou e vivia pesado, no entanto, depois de muitas buscas e inquietações interiores encontra dentro de si o que sempre buscou fora, a “Beleza Antiga e Sempre Nova”. O encontro com a Beleza Divina sempre nos transforma e tira das nossas costas o peso do pecado, da feiura, porque somos a imagem e semelhança de Deus.

No Evangelho de São João, Jesus nos diz: “Eu sou o PÃO da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. (6, 35). Interessante observar que nossa experiência cristã acontece a partir de uma mesa, pois na mesa partilhamos o PÃO. Na mesa partilhamos a amizade, a vida e os sofrimentos para ganhar o pão de cada dia. Entretanto, não é toda e qualquer pessoa que convidamos para sentar à mesa e nos alimentarmos, chamamos somente àquelas que temos afinidade. Na mesa partilhamos a vida e os sentimentos. Na grande mesa do altar partilhamos a Eucaristia.
           
Segundo a teologia cristã, o homem um dia se perdeu pela boca, mas esse mesmo homem um dia vai se salvar também pela boca. De fato, se um dia nos perdemos foi pela boca. A boca que fala tanta coisa bonita, às vezes, é extremamente destrutiva, pois se não temos controle da língua acabamos com relacionamentos, destruímos pessoas, somos capazes de cometer atrocidades com o outro verbalizando palavras que o machucam. Por conseguinte, a salvação vem também pela boca. O mesmo Deus que um dia ofereceu aquele paraíso e que perdemos pela desobediência, pelo pecado. Ele não ofereceu mais alimento, isto é, Ele se faz alimento. O nosso Deus oferece a sua carne e o seu sangue.

           
Diante da multiplicidade de alimentos religiosos, literários, culturais e superficiais somos convidados a escolher o que vamos comer. E aqui não se trata simplesmente de gastronomia, e sim, daquilo que alimenta o nosso coração, nossa FÉ e nossa alma. Existem pessoas que possuem uma pressa e uma fome tão grande pela felicidade que qualquer alimento que aparece acabam se precipitando e comem. E com isso gera-se frustração e indigestão. É necessário fazer uma “reeducação alimentar” e por que não dizer espiritual?
           
A proposta de Jesus, como descreve São João, é: “EU SOU O PÃO DA VIDA”. Quem comunga o corpo do Senhor e quem bebe o seu sangue, está bebendo de suas ideias e de seus valores, bem como está incorporando para si os valores mais belos da humanidade. Não devemos nos alimentar somente pela boca, e sim, pelos olhos, contemplando a beleza de Deus e pelos ouvidos, escutando a sua Palavra.
           
Que Deus nos conceda sabedoria quanto às nossas escolhas, visto que, sábio é aquele que tem a capacidade de degustar os alimentos, de absorver e de tirar melhor proveito deles, pois tem certos alimentos que quanto mais comemos mais pesados ficamos e alimentos especiais que nos deixam leve. Busquemos o AMOR, a paz, a compreensão e o sacramento da reconciliação que consequentemente no dia a dia os nossos pensamentos serão alimentados de forma mais estruturada.
           
Jesus é o PÃO da Vida! Ele veio para alimentar as almas mais dignas e leves. Que a nossa fome encontre a comida certa. E a comida certa é o PÃO que desceu do céu.


Florindo Os Céus - Anderson Lima

Imagem: Ir. Damian
Comungo Jesus Menino nas poesias belas de Teresinha. Ela que sempre falou de flores fez de suas dores florzinhas de expiação.

Leio seus poemas. Suas flores tornam-se arranjos entre seus versos e o meu coração. A beleza dos Santos está na poesia de seus sofrimentos. Na expiação há rimas que curam, reparam e reinventam as feridas da alma. A Cruz é a rima perfeita que nos une ao Supremo Amor.

Desde muito cedo aprendi a amar os Santos porque eles aprenderam a amar o AMOR. Os Santos são meus amigos, por conseguinte, nunca encontrei nenhum deles por aí. Mas eles estão aqui em casa, uns na sala, outros no quarto e tem até alguns que gostam da varanda. São José, Santa Rita, São Francisco, Santa Faustina, Santo Antônio, Santa Teresinha do Menino Jesus… e tantos outros que me acompanham e deixam comigo as fragrâncias de suas almas.

Recentemente, minha amável companhia, depois de Nosso Senhor, sua Santíssima Mãe e os Santos Anjos, tem sido Teresinha. Santa das flores, das rimas e de grande humildade. Ela tem me ensinado a ser totalmente de Jesus.
Nela eu recolho o que me falta e redescubro que para amar perfeitamente a Deus só tenho o agora, pois a vida é um segundo que se passa. Tão breve a existência para não amarmos a Deus.

Santa Teresinha é leve e poética. Nela, o sofrimento é reparação sem amargura. Sua experiência religiosa é afável. O Menino Jesus é terno e suave. Seus poemas assim o revelam e encantam.

Numa manhã chuvosa e triste olhei de longe as aves cantarolá, eram pássaros felizes que temporal nenhum os faziam parar. Os Santos foram assim sofredores alegres, cantavam em meio às dores porque simplesmente amaram. Em suas vidas havia beleza entre as dores perfumadas de flores, forma humilde de amar.

Minha avó, Esmelina, que no céu já está, foi nos passos de Teresinha que aprendeu a rezar. Vovó tão devota, naquela cama sofrendo me disse bem baixinho: “meu filho, alegria é o coração da gente florido de Deus”. Ela fechou os olhos cansados e morreu sorrindo. Naquele instante Santa Teresinha colocou o Menino Jesus em seus braços e juntas foram para o céu.

Doce Teresinha, que o caminho do amor sabes de cór, tenho saudades de minha amada avó, mas sei que contigo ela está florindo os céus.

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