Charles Ethan Porter - óleo sobre tela - 1883 |
A alma da gente deve se alimentar da beleza sacramental. E não da feiura do pecado. Porque o pecado engorda e nos deixa cada vez mais pesados. A beleza do sacramento da confissão, pelo contrário, nos deixa mais leves.
Os
santos vivenciaram a imensa leveza da graça de Deus e por isso foram belos e
não se conformaram com a feiura do pecado. Santo Agostinho, antes de sua
conversão, pecou, engordou e vivia pesado, no entanto, depois de muitas buscas
e inquietações interiores encontra dentro de si o que sempre buscou fora, a
“Beleza Antiga e Sempre Nova”. O encontro com a Beleza Divina sempre nos
transforma e tira das nossas costas o peso do pecado, da feiura, porque somos a
imagem e semelhança de Deus.
No
Evangelho de São João, Jesus nos diz: “Eu sou o PÃO da vida. Quem vem a mim não
terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. (6, 35). Interessante
observar que nossa experiência cristã acontece a partir de uma mesa, pois na
mesa partilhamos o PÃO. Na mesa partilhamos a amizade, a vida e os sofrimentos
para ganhar o pão de cada dia. Entretanto, não é toda e qualquer pessoa que
convidamos para sentar à mesa e nos alimentarmos, chamamos somente àquelas que
temos afinidade. Na mesa partilhamos a vida e os sentimentos. Na grande mesa do
altar partilhamos a Eucaristia.
Segundo
a teologia cristã, o homem um dia se perdeu pela boca, mas esse mesmo homem um
dia vai se salvar também pela boca. De fato, se um dia nos perdemos foi pela boca.
A boca que fala tanta coisa bonita, às vezes, é extremamente destrutiva, pois
se não temos controle da língua acabamos com relacionamentos, destruímos
pessoas, somos capazes de cometer atrocidades com o outro verbalizando palavras
que o machucam. Por conseguinte, a salvação vem também pela boca. O mesmo Deus
que um dia ofereceu aquele paraíso e que perdemos pela desobediência, pelo
pecado. Ele não ofereceu mais alimento, isto é, Ele se faz alimento. O nosso
Deus oferece a sua carne e o seu sangue.
Diante
da multiplicidade de alimentos religiosos, literários, culturais e superficiais
somos convidados a escolher o que vamos comer. E aqui não se trata simplesmente
de gastronomia, e sim, daquilo que alimenta o nosso coração, nossa FÉ e nossa
alma. Existem pessoas que possuem uma pressa e uma fome tão grande pela
felicidade que qualquer alimento que aparece acabam se precipitando e comem. E
com isso gera-se frustração e indigestão. É necessário fazer uma “reeducação
alimentar” e por que não dizer espiritual?
A
proposta de Jesus, como descreve São João, é: “EU SOU O PÃO DA VIDA”. Quem
comunga o corpo do Senhor e quem bebe o seu sangue, está bebendo de suas ideias
e de seus valores, bem como está incorporando para si os valores mais belos da
humanidade. Não devemos nos alimentar somente pela boca, e sim, pelos olhos,
contemplando a beleza de Deus e pelos ouvidos, escutando a sua Palavra.
Que
Deus nos conceda sabedoria quanto às nossas escolhas, visto que, sábio é aquele
que tem a capacidade de degustar os alimentos, de absorver e de tirar melhor
proveito deles, pois tem certos alimentos que quanto mais comemos mais pesados
ficamos e alimentos especiais que nos deixam leve. Busquemos o AMOR, a paz, a
compreensão e o sacramento da reconciliação que consequentemente no dia a dia
os nossos pensamentos serão alimentados de forma mais estruturada.
Jesus
é o PÃO da Vida! Ele veio para alimentar as almas mais dignas e leves. Que a
nossa fome encontre a comida certa. E a comida certa é o PÃO que desceu do céu.
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