O livro “Deserto Azul”, no qual se reúnem 29 poemas em prosa, o tema proposto é a própria experiência poética. O poeta Eduardo Veras experimenta a poesia como um exercício de aproximação e distanciamento em relação ao fluxo da vida e, principalmente, como um procedimento artificial, resultado de uma engenharia espacial. O livro foi publicado pela Editora Penalux com 64 páginas, e o seu primeiro lançamento será neste sábado, dia 28 de abril, na capital mineira Belo Horizonte.
Não à toa a experiência poética, nesta obra, é comparada ao voo de um avião – uma experiência fascinante e transitória, bela e artificial – que cruza o deserto azul do céu, num evento que produz provisoriamente um certo deleite estético, contemplativo, que perdura até o pouso. Ou queda, para retomar uma a imagem central em quase todos os poemas deste Deserto Azul. O livro dialoga muito com a ideia de finitude, com a presença da morte e da queda, que são vistas não como perda, isto é, como elementos fundamentais para a experiência estética.
No prefácio da obra, o crítico e professor Gustavo Silveira Ribeiro reforça essa imagem em suspensão presente nos poemas de Veras: “Suspenso entre o céu e o mar, flutuando no interior cilíndrico de um avião entre duas imensidões vazias (e azuis), o poeta pensa e recua, preferindo, ante a possibilidade de entregar-se ao fluxo incontrolável dos acontecimentos (e também da linguagem), dar um passo atrás: respiro fundo antes da palavra”.
Indo ao encontro dessa perspectiva, o texto de orelha, assinado pelo poeta Sérgio Alcides, complementa essa proposta de voo poético: “Viajamos embarcados neste livro de Eduardo Veras. Trata-se de voar, por uma espécie de engenharia espacial da poética. Como o poeta, mantemos o pé direito sempre tocando a terra, mas isso também quer dizer que o esquerdo às vezes está em suspenso. Na fuselagem dessa alegoria, o passageiro compreende logo a situação do poeta, o seu plano de voo, por assim dizer. É o enfrentamento dessa duplicidade constitutiva da linguagem verbal, pé no chão e pé no ar”.
O leitor, ao empreender o voo que a poesia de Eduardo Veras oferece, fará dessa leitura uma excelente e memorável viagem. O lançamento do próximo dia 28, em Belo Horizonte, será à 15 horas no Espaço Guaja (Av. Afonso Pena, 2881). Está previsto outro evento de apresentação da obra no dia 5 de maio, em Uberaba/MG, a partir das 10 horas na Livraria Lemos e Cruz (Avenida Maranhão, 1.419). A obra está por R$ 34,00 no loja online da editora (https://goo.gl/xJVg6Y).
Foto: Julia Veras |
Eduardo Veras nasceu em Belo Horizonte, em junho de 1982. Atualmente é professor adjunto do Departamento de Estudos Literários da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), localizada em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Pós-doutor em Teoria Literária pela UNICAMP e doutor em Literatura Comparada pela UFMG, tem se dedicado ao estudo da poesia moderna e contemporânea no Brasil e na França. Cursou estágios de pesquisa no “Centre de Recherche sur la Littérature Française du XIXe Siècle” da Sorbonne, em Paris. É autor de “O Oratório Poético de Alphonsus de Guimaraens: Uma Leitura do Setenário das Dores de Nossa Senhora” (Relicário, 2016) e co-organizador de “Por uma Literatura Pensante: Ensaios de Filosofia e Literatura” (Fino Traço, 2012).
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