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Escritora Eliana Alves Cruz reedita e lança seu livro “Água de Barrela”, vencedor de concurso literário em 2015

Por: J. B. Novare Em: 12/11/2018

Vencedor da primeira edição do Prêmio Literário Oliveira Silveira, oferecido pela Fundação Cultural Palmares (2015), o livro “Água de Barrela”, da jornalista e escritora carioca Eliana Alves Cruz, é reeditado pela Editora Malê, comercialmente depois da expiração do edital do concurso. A obra é um romance emocionante que se passe na cidade baiana de Cachoeira, e os personagens principais são um menino e uma menina negra, embarcados como escravos no Século XIX, da África para o Brasil. A história vai atravessando as décadas até os dias de hoje, tendo como pano de fundo momentos históricos ocorridos no país. O livro, que possui 453, será lançado no dia 23 de novembro, às 17 horas, na Livraria da Travessa (Rua 7 de Setembro, 54 - Centro), no Rio de Janeiro/RJ.

Na metade do século 19, um menino e uma moça são raptados no oeste africano e viajam escravizados para o Brasil, onde seguem para a cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Eles viverão intensamente aquela realidade do país e são os protagonistas de uma saga que vem até os nossos dias, com seus descendentes. O pano de fundo são as passagens do tempo da história nacional sob o olhar de quem nunca teve voz. A guerra do Paraguai, a abolição, a República Velha, a Revolução de 30 vistos por eles e também por personagens reais da nossa história que são pouco conhecidos. O livro traz uma árvore genealógica dos personagens e mostra uma África diferente da que estamos acostumados a ver. Tem fotos de época e de personagens reais. É uma saga familiar como ainda não existe de uma família negra no Brasil. Os exemplares da obra já estão em pré-venda nas livrarias Da Travessa (clique aqui), Blooks, Argumento, Folha Seca, Arlequim e Amazon, por R$ 46,00. 

Eliana Alves Cruz é uma escritora e jornalista carioca residente no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro/RJ. Nasceu em 1966 no bairro Realengo (Zona Oeste), e passou a primeira infância entre este bairro (onde viviam os avós maternos) e Madureira (com seus pais). Sua família era de classe média baixa, mas que sempre valorizou muito a educação. Sua mãe era professora, e que depois formou-se em Serviço Social, e o seu pai um advogado.

Quando ela estava com 10 para 11 anos, seu pai passou em um concurso público e tiveram que mudar-se de Madureira para o bairro da Tijuca. “Isto mudou nossas vidas, pois ao mesmo tempo que ascendemos economicamente, nos vimos numa realidade nova de isolamento por sermos os únicos negros em todos os espaços. Era o final da ditadura militar e morávamos em frente ao famoso quartel da Barão de Mesquita... Um local hostil sob muitos aspectos. Minha família sempre foi muito politizada. Todos os assuntos debatíamos em casa e decidi cursar jornalismo por acompanhar ainda adolescente a campanha das Diretas Já. Depois enveredei pelo jornalismo esportivo. Um pouco para satisfazer um sonho de infância, que era ser atleta e ir a uma Olimpíada. Não foi como atleta, mas como jornalista participei de mais de 25 Campeonatos Mundiais e fui a três edições dos Jogos Olímpicos. Conheci 32 países!”, revela Eliana.

Vários fatores levaram a jornalista à literatura. Sempre foi uma boa leitora, mas depois de tanto viajar, de tanto falar sobre outras pessoas, decidiu realizar um desejo da vida inteira, que era investigar sobre o passado da sua família. Sua bisavó faleceu com 105 anos, quando já era adulta. Ouvia dela muitas histórias, e outras histórias sobre ela, contadas pelo pai e pela avó. E entendeu que existia ali um material excelente para um livro, um romance. “Então, há cerca de oito anos, quando meus filhos eram bem pequenos, comecei a fazer o caminho de volta. Queria que eles tivessem esse passado em mãos quando fossem adultos. Então mergulhei fundo na investigação e depois de cinco anos pesquisando e escrevendo, terminei este livro”, lembra.

Depois do livro “Água de Barrela”, Eliana escreveu poemas para a coletânea “Cadernos Negros 39” e contos para os “Cadernos Negros 40”, do grupo Quilombhoje. Esta antologia está em seu 41º ano e revelou muitos autores negros como Cuti Silva, Esmeralda Ribeiro e Conceição Evaristo. Participou também de uma antologia chamada “Perdidas, Histórias Para Crianças Que Não Tem Vez”, da Imã Editorial, com diversos autores escrevendo contos, poesias e crônicas sobre crianças que perderam as vidas em violência urbana. Eliana foi ainda, uma das 10 finalistas do concurso nacional de contos da Editora Ciclo Contínuo. E este ano de 2018, também lançou o livro “O Crime dos Cais do Valongo”, pela Editora Malê, um romance histórico policial com alguma dose fantástica.

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