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Um coração compassivo - Anderson Lima

Por: Anderson Lima Em: 13/07/2019

"Jesus chamou seus discípulos e disse: ‘tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo e nada tem para comer. Não quero manda-la embora com fome, para não desmaiarem pelo caminho...". (Mt 15, 32)

Nesse trecho do Evangelho de São Mateus, Jesus, tem compaixão daquele povo que o seguia e que estava com fome. Existem alguns momentos em que precisamos ser compassivos com o próximo, e principalmente com aqueles que caminham conosco. A Palavra de Deus nos ensina que os sentimentos da misericórdia e compaixão devem sempre fazer parte de nossa vida para que assim possamos dar testemunho da presença de Deus em nosso meio.

COMPAIXÃO, não é sentir pelo outro, mas sentir com o outro. É quando a gente lê o roteiro de outra vida. É ser ator em outro palco. É compreender. É não dizer: "eu sei como tu te sentes". É quando a gente não diminui a dor do outro. É descer até o fundo do poço e fazer companhia para quem precisa. Não é simplesmente ser herói, é ser amigo. É saber beijar a alma do outro.

Ao refletir sobre essa particular atitude de Jesus, recordo como há pessoas incríveis em nossa vida e que têm um coração repleto de bons sentimentos, sobretudo, compaixão. Lembro-me de uma tarde de domingo que logo após o almoço fui com alguns irmãos subir as montanhas que cercam o mosteiro. Na subida para o Monte Carmelo fomos alegres, conversando e louvando a Deus pelas lindas paisagens que encantaram não somente nossos olhos, como também o coração. Pegamos caminhos desconhecidos e empolgantes, foi uma verdadeira aventura. O sol começava a se esconder, os pássaros já não cantavam, no entanto, a beleza permanecia intacta. Foi na volta para o mosteiro que o inesperado aconteceu. O meu corpo nunca foi acostumado com aventuras desse tipo, meu físico andava muito despreparado e o primeiro sinal veio das pernas, o meu joelho esquerdo atrofiou-se e imediatamente senti muitas dores, já não conseguia da continuidade andando, os irmãos improvisaram uma muleta, mas não adiantou.

O noviço, Ir. Fábio, que já tinha experiência de sobra e conhece bem os segredos das montanhas me carregou nos ombros com a ajuda do Ir. Juan María, assim conseguimos chegar mais próximos do mosteiro. O que me surpreendeu foi a capacidade desses irmãos cheios de gentilezas e compaixão. 

Compartilho esse fato porque infelizmente nos dias de hoje ser compassivo e gentil é raridade e exceção, visto que muitas pessoas não compreendem e não estão dispostas a sofrer com o outro. A compaixão é um valor que além de ser entendida deve ser praticada. Os irmãos Fábio e Juan, sem dúvida, não só entenderam o gesto descrito por São Mateus como imprimiram em suas vidas pelo exercício da cordialidade e afabilidade. 

Cecília Meireles, um dia recordando a importância das pessoas gentis que passaram por sua vida, escreveu: "existem pessoas que nos falam e nem as escutamos, existem pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam, mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre". São pessoas revestidas de luz, embora tenham também suas dores, porém estão sempre disponíveis para ajudar e até carregar nos braços quem precisar. São pessoas que merecem o que de mais bonito a vida tem a oferecê-las. 

Minha prece a Deus por essas pessoas amigas e repletas de compaixão é que acima de tudo elas não se esqueçam de ser doce e que seus pés sempre se lembrem do caminho que dá para a felicidade. Que a maldade do mundo jamais amargue os seus corações, mas que o sol dos seus sorrisos continue a quem vê iluminar. Que ao caminharem por aí, mesmo subindo montanhas, exalem compaixão, e jamais esqueçam de que um coração compassivo é reflexo do amor de Deus.

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