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Literatura e memória: Em podcast, Saulo Barreto faz um mergulho na arte de escrever e na pesquisa histórica

Durante entrevista em podcat do canal Hipertexto, o poeta e filósofo Rogério Rocha promoveu um bate-papo enriquecedor com o escritor e pesqu...

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Escritora mergulha nas profundezas do feminismo e traz na poesia as vivências das mulheres

Foi lançado no último dia 24 de abril, na Casa das Rosas em São Paulo/SP, o primeiro livro da escritora Anna Clara de Vitto, “Água Indócil” (Editora Urutau, 2019). A obra é um livro de poesias com 98 páginas que traz as mulheres como figura principal, em diversas situações vividas por elas. O evento de lançamento contou com a participação das autoras Ana Beatriz Domingues, Camila Assad e Pilar Bu, que também estiveram lançando seus livros. Outro evento em que a poetisa estará presente, ao lado de outros autores, será em uma leitura coletiva na Livraria da Travessa (Botafogo), no Rio de Janeiro, no próximo dia 24 de maio, a partir das 19 horas.

“Água Indócil” é um livro de poemas que mergulha profundamente em vivências femininas, doloridas, revoltosas ou curativas, rejeitando e combatendo o rótulo de “confessional”, que geralmente é atribuído à literatura feita por mulheres, tida como uma literatura Outra, colocada em posição inferior com relação à literatura dita maiúscula e universal, mais lida, publicada e reconhecida (produzida por homens, brancos, heterossexuais, sem deficiências, cisgêneros, majoritariamente do Sul e Sudeste do Brasil – tais dados foram levantados em pesquisa de Regina Dalcastagné, doutora em Teoria Literária pela Unicamp e professora titular de literatura brasileira da UnB).

A obra é subdividida em três partes, intimamente ligadas a temas e memórias próprios da cidade de Santos, no litoral do estado de São Paulo, onde a autora nasceu e cresceu. Na primeira parte, “Águas abrigadas”, a temática é a da nostalgia, da saudade, dos inícios, do deslumbramento. A segunda parte, “Ressaca”, trata da perda das ilusões. Por fim, a terceira parte, “Vento noroeste”, aborda a luta, a revolta, a raiva que, se posta em movimento, cura e liberta.

A ideia de escrever “Água Indócil” sempre esteve com Vitto, de uma forma ou de outra, desde que começou a escrever poesia, durante o Ensino Médio. Porém, o desejo encontrou os meios e a inspiração mais forte quando ela começou a frequentar o Clube da Escrita para Mulheres. “Ali, na companhia de diversas mulheres, com quem criei fortes laços de amizade, pude me reconhecer como escritora e reivindicar esse papel. Água Indócil é, antes de tudo, um livro de vozes coletivas, feito em sintonia com as vivências, as lutas, as dores e as curas das mulheres”, revela.

Foto: Ornella Rodrigues
Anna Clara de Vitto tem 32 anos, nasceu em Santos, no litoral do estado de São Paulo e, há alguns anos, vive na capital. É poeta e escrevE desde muito jovem, mas publicou o seu primeiro livro, “Água Indócil”, somente em abril de 2019, pela Editora Urutau. Quanto à sua formação acadêmica, graduou-se em Direito pela Universidade de São Paulo em 2010. Além disso, em 2018, frequentou o Curso Livre de Preparação do Escritor, oferecido pela Casa das Rosas. Desde 2017, integra a coordenação do Clube da Escrita para Mulheres (www.clubedaescrita.com.br e www.fb.me/clubedaescritaparamulheres), fundado em 2015 pela escritora e poeta Jarid Arraes.

“O trabalho desenvolvido no Clube é um dos que mais me dá prazer, pois se trata de cultivar um espaço seguro em que mulheres que escrevem podem mostrar sua produção, aprimorar seus trabalhos, receber as mais variadas dicas, e, sobretudo, trocar vivências e criar vínculos, processos fundamentais no reconhecimento de si mesmas como escritoras”, diz ela sobre o clube que participa.

O seu livro custa R$ 40,00 pelo site da editora (http://editoraurutau.com.br/livros) e diretamente com a autora. Futuramente, os exemplares da obra estarão nas livraria Da Travessa, Martins Fontes, Livraria da Vila e Scriptum (em Belo Horizonte).

Entrevista com o poeta carioca Thiago Scarlata sobre “Salobre”, o seu novo livro de poesias

Desta vez a nossa entrevista é com o escritor e poeta carioca Thiago Scarlata, vencedor do Concurso MOTUS (Movimento Literário Digital) e Finalista do Prêmio SESC 2016. No bate-papo, ele nos fala um pouco sobre o seu novo livro, “Salobre”, publicado pela Editora Urutau e que será lançado no próximo dia 19 de outubro no Rio.

Thiago Scarlata, além de poeta e escritor, também é músico, possui graduação em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, e mantém um blog literário no qual publica resenhas, poemas e textos (Blog Literário Croqui). O poeta já teve poemas seus traduzidos para o espanhol, e publicados em antologias, revistas (Gueto, Escamandro, Mallarmagens, Monolito, Janelas Em Rotação, Poesia Brasileira Hoje, Poesia Avulsa, MOTUS, Jornal RelevO e Literatura&Fechadura) e em blogs literários. Em 2017 lançou o seu primeiro livro com o título “Quando Não Olhamos O Relógio, Ele Faz O Que Quer Com O Tempo” (Editora Multifoco).

ENTREVISTA

BP - Sobre o que fala “Salobre”, o seu segundo livro de poesias?

Thiago Scarlata - Há no livro um elemento que perpassa os três capítulos: o sal. Como esse “sal”, interpretado como metáfora ou não, está presente não só nos elementos físicos, mas também em diversos âmbitos sociais, culturais e mentais. Procurei trabalhar com a ambiguidade deste “objeto”. A corrupção (no sentido biológico da coisa) e a transistoriedade de tudo o que faz parte do nosso cotidiano, sobretudo em como encaramos, somos corroídos e afetados (e afetamos) pela brutalidade do mundo que nós mesmo construímos.

BP - Faça um paralelo do “Salobre” com o seu primeiro livro, “Quando Não Olhamos O Relógio, Ele Faz O Que Quer Com O Tempo”. Quais as diferenças e semelhanças entre si?

Thiago Scarlata - Não acredito que um autor se transforme em outro para cada obra. Há muita coisa do primeiro livro que perdura. A coação do tempo sobre tudo e minha perplexidade ante a barbárie - que agora bate à porta com mais força ainda - permanece. A grande diferença, acredito que seja o fato de que em “Salobre” eu tive mais tempo para a organização das ideias. O amadurecimento também foi muito importante para desta vez, eu entregar ao leitor uma obra mais coesa com aquilo que me propus tratar. No primeiro livro, apesar da “temática central” ter sido “o tempo”, não consegui desenvolver e estruturar a obra da maneira que eu (hoje) gostaria.

BP – Fale-nos sobre as especificidades de cada capítulo da obra.

Thiago Scarlata - É a partir do conceito de soro (solução de água, sal e açúcar, para hidratar e alimentar enfermos) que a primeira parte de “Salobre” explora a relação entre o homem e o ambiente. Uma relação travada na crueza e na escassez de um universo pré-urbano ou marginalizado pelo que é citadino, no qual o mínimo significa sobrevivência. A natureza provê a continuidade da existência (#poemas #“salmoura” ou “tutorial para caçar baleias”), não sem desespero (“saco de lixo”) e morte (“Francisca”). Mas a vida persiste para cumprir o objetivo de continuar.

A perspectiva desses poemas é de proximidade, espécie de close-up em pessoas e técnicas que desvenda a constituição de elementos e fazeres, sugerindo o detalhe do que é manufaturado. Ao mesmo tempo em que exemplifica essa escolha estilística, “Sangue branco”, último poema de Soro, também aponta à temática central de Salário, segunda parte do livro: a mecânica explorando e interditando o ambiente, impondo a migração ao urbano.

Nesse urbano (tomado por antenas, ruas e pedestres, carros e semáforos, ônibus e trens), o humano é desterritorializado e reduzido a mera engrenagem da máquina representada pela cidade. E, ao contrário daquilo que era próximo e manual, significativo apesar de sofrido, os poemas de Salário têm a perspectiva ampliada, uma grande-angular para abarcar a impessoalidade da vida em massa.

Encerrando o ciclo do livro, a terceira e última parte intitulada Salinas recupera o sal e o impasse do poema de abertura (“sal”) para propor um desdobramento, que é a própria razão de ser de “Salobre”, palavras do escritor Maurício de Almeida, que assina a orelha do livro. Um capítulo mais abstrato que os dois primeiros, mas que fecha a tríade de abordagens que escolhi.

BP – O mercado de publicações no Brasil é bastante movimentado, e poucos autores conseguem alcançar um espaço onde possa ser bem mais visto. Como você lida com isso e quais expectativas aguarda para o futuro?

Thiago Scarlata - No Brasil e quase no mundo inteiro, quem vende e “aparece” mais é quem faz literatura “pra mercado”. Quem se preocupa em fazer da arte um instrumento pra gerar incômodo, vai naturalmente ficar de fora do mainstrem. Primeiro por que não há espaço nos grandes veículos para essa divulgação de livros sobretudo de pequeno e médio e porte (o mercado, logo, as grandes editoras, dão as cartas), segundo por que culturalmente não há um trabalho de base (com exceções) nas escolas para toda uma mudança de percepção literária desse futuro leitor. Hoje um autor que ganha um prêmio literário importante, de nível nacional, infelizmente não passa dos 500 leitores, e isso serve inclusive para os autores clássicos de peso, como Kafka e Saramago. Para democratizarmos a literatura e fazermos com que ela faça sentido pra quem não tem esse hábito,  temos que antes de mais nada conectá-la com o mundo, com o presente, com a barbárie diária, etc.

BP – Já pensou em publicar algum livro que não seja de poesias?


Thiago Scarlata - Estou trabalhando a ideia de um romance. Mas basicamente tudo o que escrevo está conectado. Eu escrevo sobre o que me incomoda. Nesse sentido, quem ler esse possível romance vai perceber vários pontos de convergência com a minha poesia. Não dá pra desconectar, apesar das fórmulas e modelos serem diferentes.

O livro “Salobre” (Editora Urutau) será lançado no dia 19 deste mês (outubro), às 19:00h na Pizzaria La Carmelita (Rua do Rezende, nº14 – Lapa), no Rio de Janeiro. Os exemplares da obra estarão por R$35,00 no dia do lançamento e posteriormente na loja online da editora.

Radiografias do próprio corpo compõe livro de poesias e fotografias performáticas da autora Maria Giulia Pinheiro

Maria Giulia Pinheiro, dramaturga e escritora com mais duas obras publicadas, traz ao público o seu mais novo livro. Publicado pela Editora Urutau, “Avessamento” é o mais recente trabalho da autora, e será lançado neste fim de semana em São Paulo-SP. O livro será apresentado a partir das 16 horas no Bar Baderna (Rua Oscar Freire, 2.529, Pinheiros), no próximo domingo, dia 28 de maio.

Esse é o terceiro livro da autora, e é composto de poemas e fotografias performáticas em que ela mesma aparece de diversas formas compondo com radiografias e outros exames das suas costelas e pulmões. Os poemas têm como mote, experiências de transformações em “Avessos” para descrever situações diversas. Nele, Maria Giulia Pinheiro se metamorfoseia de animais (barata, lobo, pomba) e também de objetos e fenômenos da natureza, sempre colocando uma outra forma de existência (ou de leitura da existência) possível para a realidade cotidiana.

Palavra que cobre de músculo o sentimento. 
Literatura para engolir aos poucos, comer com cuidado, precaução para não vomitar demais.
Linguagem que é nudez maior do que a pele.
Pele arranca–se, Desejo, não.  
Essa gente, essa gente achando que boceta aberta é risco,
Ave,
Não sabe que risco maior é de caneta.
Escrever com a boceta aberta,
Ler com o peito rasgado,
E costurar com a linguagem as marcas dos nossos corpos.
Eis o que desejo da arte: risco”, trecho do poema que abre a obra.

Outro trabalho da autora é “Alteridade”, publicado sob o selo do Burro, em 2016. O livro é um poema longo em que uma mulher narra em primeira pessoa o estupro que ela viveu e a trajetória até a superação do trauma. Neste processo, ela perpassa as diversas camadas desta sociedade que reforça a lógica da violência contra a mulher, até encontrar uma nova forma de enxergar para a sombra. A obra é um livro-performance, em que todos os exemplares são numerados e possuem intervenções feitas um a um pela autora.

Maria Giulia Pinheiro é autora de “Da Poeta Ao Inevitável”, pela Editora patuá em 2013, e “Alteridade”, pelo Selo do Burro, em 2016. Também é dramaturga dos espetáculos “Mais Um Hamlet”, “Alteridade” e “Bruta Flor do Querer”. É fundadora do grupo Companhia e Fúria, em que atua, dirige e escreve. Criadora e organizadora do Zona Lê Mulheres, um sarau em que todos podem ler, desde que textos escritos por mulheres. Formou-se jornalismo pela Fundação Cásper Líbero e atriz pelo Teatro Escola Célia Helena, especializou-se em Roteiro para TV na Academia Internacional de Cinema e é pós-graduanda no curso “Arte na Educação: Teoria e Prática” – ECA/USP. Aos interessados em adquirir o seu mais novo livro “Avessamento”, podem entrar em contato com a própria autora pelo e-mail magiuppinheiro@gmail.com ou no site da editora.

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