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Em novo livro, Juliana Ben traz versos atravessados pelo ritmo e pela visualidade

Por: Bookeiro Publish Em: 16/03/2018

Com o título “Preia-mar”, a porto-alegrense Juliana Ben acaba de lançar o seu novo livro de poemas, publicado pela Editora Penalux, sob o selo Candeeiro. A obra, que se divide em três partes, direciona o olhar do leitor para algo que se conserva solidamente entre estas tantas coisas passageiras, algo que vai se formando e se enraizamento, sólido como o afeto, líquido como as relações. “Preia-Mar” é o mesmo que “preamar”, que significa maré cheia. 

Neste livro, a autora fala das cidades, personificando as ruas pavimentadas com sentimentos, dando corpo humano a estradas que pulsam histórias, que guardam como órgãos humanos, casas, tragédias, como se o todo vivo contido no frívolo cinza do cimento dos prédios formassem uma entidade viva, esta coisa chamada cidade, tão igual mesmo internacionalizada, Nova York, Pequim, São Paulo. Sempre cidades.

A primeira parte da obra (Ida) carrega uma agilidade que não se deixa desvalorizar-se por sua brevidade; ao contrário, as temáticas apresentadas, com seus temas modernos, ganham charme justamente pela brusquidão com que temas de morte, temas de amor, de espera, chegam nos trechos fluídos e ágeis. O movimento de cheia se anuncia no andar pela cidade, nos fluxos de chegar, partir e chover; movimentos que ora são rápidos e rasteiros, ora lentos e perdidos, ora apenas são.

No meio do caminho, fincam-se raízes, criações do fixo, do concreto. É o que representa a parte seguinte do livro (Permanência). Se é verdade que tudo se transforma, é verdade também que no espaço-tempo entre uma mudança e outra, há o que não muda, o que move sem movimento. O que fica conosco.

Então, nos deparamos com a terceira parte (Mais Além), à guisa de conclusão das duas anteriores. A mudança nos leva além, mais além das formas, dos sentidos, do objetivo. O preia-mar se faz e o ciclo recomeça, mas sempre de uma forma diferente, com nuances que ora pesam e se agarram nas estruturas, ora rompem na fluidez da água, ora rompem na fissura do fogo. 

Com a obra, Juliana Ben deseja despertar um olhar para os detalhes do cotidiano, além de associar o movimento da maré com a perenidade das coisas, os desafios, as tristezas, as felicidades, tudo que passa com a fugacidade do tempo. No entanto, como eterno-retorno, as emoções e as adversidades voltam inseridas em novos contextos.

Juliana Ben, nascida das águas de março que fecharam o verão de 1983, é natural de Porto Alegre/RS. Da poesia à antropologia, circula atenta aos deslizes, dobras e atravessamentos possíveis. É autora da obra “Te Encontro Nas Minhas Linhas Em Branco” (Editora Artesanal Alpendre, 2012) e da “Revista SubVersa” (Patuá Editora). Em 2013, foi artista residente do projeto de diálogos artísticos Multigraphias, e integra, desde 2015, o coletivo de poetas Abrasabarca. Atualmente, vive em Florianópolis/SC. O seu livro “Preia-Mar” custa R$ 32,00 e está disponível na loja online da editora (http://bit.ly/preia-mar_leia).

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